segunda-feira, 11 de junho de 2007

Carta - Simone de Beauvoir

Nelson, meu amor,
Foram só vinte e três horas até Paris, aportamos às 6h, amanhecia. Eu estava muito cansada depois de duas noites sem dormir, bebi café e tomei dois pequenos comprimidos para me manter acordada durante o longo dia. Paris estava muito bonita, um pouco nevoenta, com um céu cinza, suave, e o aroma das folhas mortas. Fiquei muito contente ao descobrir que tinha muito a fazer aqui, tanto que só devo ir para o campo o mês que vem. Primeiro, o rádio dá ao Temps Modernes uma hora inteira a cada semana para falar sobre o que quisermos, da maneira que quisermos. Você sabe o que significa a possibilidade de chegar a milhares de pessoas e tentar fazer com que eles pensem e sintam do modo que acreditamos seja correto pensar e sentir. Isso tem de ser manejado com muito cuidado, e hoje de manhã tive uma espécie de conferência para falar sobre o assunto. Segundo, o Partido Socialista quer nos consultar sobre a possibilidade estabelecer uma conexão entre política e filosofia.

no RoseLivros.

4 comentários:

Unknown disse...

Ao longo do tempo mudou o papel dos intelectuais orgânicos

Anônimo disse...

Quando as “Cartas a Nelson Algren” foram publicadas, muitas mulheres pareceram se decepcionar com Simone — pelo simples fato de ela se mostrar enormemente apaixonada pelo escritor americano. Muitas acharam que aquela Simone nada tinha de "feminista", mas a maioria esmagadora desconhece completamente que Beauvoir — apesar de ser considerada como uma das precursoras do feminismo —, só aderiu mesmo ao movimento bem mais tarde, e com uma série de restrições. No fundo, penso que Simone era muito mais "humanista" que qualquer outra coisa.
Em todo caso, as cartas que ela escreveu a Nelson, justamente, revelam um lado "humano" que nem sua autobiografia ou seus romances foram capazes de mostrar em profundidade.

Abraço!

anjobaldio disse...

Adorei seu blog. Grande abraço.

Anônimo disse...

http://vannymusic.blogspot.com
www.joaosilva.co.za

parabenes