terça-feira, 28 de julho de 2009

Murais em Bruxelas









Ha mais de 40 murais espalhados pela cidade, cada mais bonito que o outro. Acho que sao todos, ou quase todos inspirados em Historias em Quadrinhos.

domingo, 26 de julho de 2009

Algumas fotos de Bruxelas

Casa em Les Marolles

Théâtre Royale de la Monnaie
Perto da Grand Place

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Bruxelas

Ja (re)visitei a Grand Place, bonita como sempre, mas, repleta de turistas. E verao, tempo de turismo.

Ja comprei muitos livros, para mim, para a escola, para os amigos. Alguns dos autores, M. Yourcenar, Dino Buzzati, Amoz Oz.

Andei muito, muito e achei que Bruxelas esta meio decadente. Nao a parte turistica, mas o bairro onde mora minha irma (nada turistico), onde mora um amigo que é artista plastico e outros lugares por onde andei por andar, para redescobrir, relembrar.

Ontem fez um calor infernal, hoje esta um pouco chuvoso.

Amanha vou ao museu, hoje à noite vou rever amigos.

Na verdade estou meio preguiçosa hoje, deve dar para ver nestas frases curtas.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

SOUP OPERA Cabeça de Papel


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"Um caldeirão de referências cozidas e servidas pelo Cabeça de Papel Melhor minuto do mês de junho 2009 (Festival do Minuto em 30 Cidades)"
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Artes do meu irmao.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Pireneus

Ainda estou aqui no meio das montanhas. Ontem tomei o famoso (pelo menos aqui) train jaune-trem amarelo, o caminho que percorri foi o de Villefranche de Conflent até Mont-Louis. E um caminho lindo, na volta tomei o ônibus, o caminho é igualmente bonito visto do ônibus.
Mont-Louis é também classificado patrimônio mundial, o que ha ali de mais interessante é um famoso forno solar, o primeiro do mundo. Mont-Louis tem 292 habitantes, ou seja, é mais populoso que Villefrance de Conflent. Imagine passar a vida num lugar assim...Eu encontrei em Villefranche mais de uma pessoa que nasceu e sempre viveu aqui, nao é o caso da familia da minha amiga, eles vivem aqui ha seis anos.
Uma senhora que é vizinha (quer dizer, todo mundo aqui é vizinho, mas essa mora aqui do ladinho) estava me contando de um filme que foi feito aqui em Villefrance, quase todos os habitantes foram figurantes, o nome do filme é Le Bossu. Perguntei a ela de quando era o filme, ela disse 'ihhh, faz muito tempo, acho que foi em 75...'. Nao foi, na verdade foi nos anos 50. Ela teve que fazer um mundo de contas, lembrar da data de nascimento dos filhos e varias coisas para chegar nos anos 50.
Amanhã vou para Carcassonne, outra cidade medieval, esta eu ja visitei ha muitos anos, de la tomo um voo para Bruxelas (mais barato que o trem) e passo alguns dias com minha irmã.

Vou ficar com saudades de Villefranche e todos esses vilarejos que visitei por aqui. Os pais da minha amiga sao muito gentis e acolhedores, espero que um dia eles possam ir ao Brasil. Nao conhecem nada fora da Europa.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

villefranche de conflent


villefranche de conflent é onde me encontro agora, um vilarejo de 200 e poucos habitantes plantado nos Pireneus. Ja falei do lugar aqui neste blog, é onde vive minha amiga Violaine e a familia, aquela com quem viajei para o Chile no começo deste ano. Os pais da minha amiga sao artesaos e ela, Violaine, trabalha como guia no castelo, patrimônio classificado pela Unesco. Ontem visitei o castelo com meu amigo espanhol que mora em Barcelona, ha duas horas e pouco daqui. Ele veio com o irmao me encontrar a visitar a regiao. A cidade mais perto daqui, a maior, é Perpignan, foi ali que cheguei de trem, sai de Vichy 12:45, troquei em Lyon e pouco antes das 19 horas estava em Perpginan. Muita gente deve conhecer a frase de Dali "A estaçao de Perpignan é o centro do mundo!" Voilà, passei pelo "centro do mundo". Aparentemente Dali tinha uma relaçao forte com a cidade, ainda nao descobri a razao.
Ontem subi com meus amigos os mais de 800 degraus que levam ao castelo forte....e estou viva e sem dores nas pernas. Sera o ar dos Pireneus? Estou aé pensando em subir de novo hoje ou amanha.
Hoje fomos a outro vilarejo, beeeem maior que aqui, uns 6000 habitantes, chama se Prades. Para mim é quase uma viagem no tempo.
Terminei de ler Memorial do Convento e passei o livro para meu amigo espanhol que lê também em português e gosta de Saramago. Durante o trajeto Vichy Perpignan li L'Immoraliste de André Gide que eu ja tinha lido no curso de Letras...ja fazia um tempinho, claro.
Agora vou ler um pouquinho mais sobre a regiao, depois vou visitar a igreja que nao visitei ontem, tomar um café....
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sexta-feira, 10 de julho de 2009

O poema da sexta-feira

A Ponte Mirabeau

Sob a ponte Mirabeau desliza o Sena
E os nossos amores
É bom lembrar, vale a oena.
Que a alegria sucede aos dissabores

A noite vem passo a passo
Os dias se vão eu não passo

As mãos nas mãos estamos face a face
Enquanto passa
Sob a ponte de nossos braços
A onda lenta de um eterno cansaço

A noite vem passo a passo
Os dias se vão eu não passo

O amor se vai como esta água barrenta
O amor se vai
Como a vida é lenta
E como a esperança é violenta

A noite vem passo a passo
Os dias se vão eu não passo

Passam-se os dias passam-se as semanas
Nada do que passou
Volta de novo à cena
Sob a ponte Mirabeau desliza o Sena

A noite vem passo a passo
Os dias se vão eu não passo

Tradução de Ferreira Gullar

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Le Pont Mirabeau

Sous le pont Mirabeau coule la Seine
Et nos amours
Faut-il qu'il m'en souvienne
La joie venait toujours après la peine

Vienne la nuit sonne l'heure
Les jours s'en vont je demeure

Les mains dans les mains restons face à face
Tandis que sous
Le pont de nos bras passe
Des éternels regards l'onde si lasse

Vienne la nuit sonne l'heure
Les jours s'en vont je demeure

L'amour s'en va comme cette eau courante
L'amour s'en va
Comme la vie est lente
Et comme l'Espérance est violente

Vienne la nuit sonne l'heure
Les jours s'en vont je demeure

Passent les jours et passent les semaines
Ni temps passé
Ni les amours reviennent
Sous le pont Mirabeau coule la Seine

Vienne la nuit sonne l'heure
Les jours s'en vont je demeure

Guillaume Apollinaire, Alcools (1913)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Vichy

Eu conheço bastante bem a França, mas nunca tinha vindo a Vichy. A cidade é pequena, so para dar uma ideia, nao me perdi nenhuma vez, é um fato inédito. Nao so nao me perdi como até ja indiquei caminho. Eu mesma nao acredito, mas é verdade.
O meu curso continua muito bom, so o primeiro dia foi meio chato, talvez eu estivesse muito cansada, ou nao tive empatia nenhuma com uma professora e logo procurei outro rumo.
Uma das minhas colegas africanas se chama Princesse, outro se chama Influence, sim, Princeza e Influência....O pai do meu sobrinho é africano também, mas ao meu sobrinho deram o nome de Daniel. Nao sei se minha irma impôs ou se o meu cunhado é menos criativo.
La vou eu de novo....

domingo, 5 de julho de 2009

La France

Passei uns dias, poucos, com minha irma em Bruxelas, agora estou em Vichy onde vou fazer o curso para professores de francês, começa amanha. E nao pensem que por isso estou esquecendo o portugues, so nao estou me entendendo bem com os teclados aqui, entretanto os usei por muitos anos....
Eu vim de carro de Bruxelas para ca, minha familia belga estava vindo para a França de ferias e gentilmente sairam um pouco do caminho para me deixarem aqui ontem. Saimos de Bruxelas por volta de 4 e meia da manha, so de pensar me da sono de novo. Mas a viagem foi divertida , pudemos conversar, dormir, rir, comer e no final das contas houve menos engarrafamento do que temiamos. E o mês das ferias, todo mundo sai ao mesmo tempo na Europa.
Vou andar um pouco mais pela cidade, tomar mais café, ver se ha livrarias abertas....
Infelizmente esqueci o cabo da minha maquina e nao vou poder transferir as fotos.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O Poema da sexta-feira

Lisbon Revisited

Nada me prende a nada.
Quero cinqüenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja -
Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.

Fecharam-me todas as portas abstratas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram.

Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta - até essa vida...

Compreendo a intervalos desconexos;
Escrevo por lapsos de cansaço;
E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.
Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme;
Não sei que ilhas do sul impossível aguardam-me náufrago;
ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.

Não, não sei isto, nem outra coisa, nem coisa nenhuma...
E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei,
Nos campos últimos da alma, onde memoro sem causa
(E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas),
Nas estradas e atalhos das florestas longínquas
Onde supus o meu ser,
Fogem desmantelados, últimos restos
Da ilusão final,
Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido,
As minhas cortes por existir, esfaceladas em Deus.

Outra vez te revejo,
Cidade da minha infância pavorosamente perdida...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...

Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
E aqui tornei a voltar, e a voltar.
E aqui de novo tornei a voltar?
Ou somos todos os Eu que estive aqui ou estiveram,
Uma série de contas-entes ligados por um fio-memória,
Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?

Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.

Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo -,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver...

Outra vez te revejo,
Sombra que passa através das sombras, e brilha
Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
E entra na noite como um rastro de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir...

Outra vez te revejo,
Mas, ai, a mim não me revejo!
Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim -
Um bocado de ti e de mim!...

Álvaro de Campos

Fernando Pessoa