sexta-feira, 16 de junho de 2006

Ayaan Hirsi Ali



[Deixando um pouco de lado os assuntos belgas e meus mini-contos para falar de um assunto holandês, africano e mundial]

Ayaan Hirsi Ali é a somaliana naturalizada holandesa que trabalhava com Theo Van Gogh (sobrinho do outro) quando ele foi assassinado em novembro 2004 por um muçulmano extremista. Eles fizeram juntos um documentário, submission, que mostrava a degradação, os maus tratos infligidos a muitas mulheres muçulmanas. Quase todo mundo já ouviu falar disso, se não me engano, até mesmo a revista Veja entrevistou essa moça. Junto com o corpo de Theo Van Gogh encontraram um bilhete dizendo que Ayaan Hirsi Ali seria a próxima.

Ayaan Hirsi Ali foi vítima da excisão aos cinco anos de idade, viveu em diferentes países fugindo dos problemas políticos da Somália. Pediu asilo à Holanda alegando estar fugindo de um casamento forçado pela família, estudou, em poucos anos obteve o título de doutora em ciências políticas, aprendeu línguas estrangeiras, apaixonou-se por cinema, foi extremamente ativa na defesa das mulheres e tornou-se deputada no país que a acolheu. As chances, segundo Mohamed Haddad, de uma mulher nas condições dela ‘aceder a uma vida digna são as mesmas são as mesmas chances de o leitor deste artigo ganhar na loto’.

E agora, o que está acontecendo e que eu ainda não consegui entender, é que Ayaan Hirsi Ali perdeu, ou pode perder, a nacionalidade holandesa por causa de alguma falha no seu processo de naturalização, algumas ‘mentiras’ que ela teria dito para poder obtê-la, isto é crime. Uma ministra holandesa deu origem a um processo, não sei quais seriam os interesses dessa senhora. Pior ainda é que não há muitos países europeus dispostos a acolhê-la pois com essa fatwa nas costas ela tornou-se um problema, um problema caro, assim como era o escritor Salman Rushdie há alguns anos.

Bem, a moça não é santa, mas eu acho triste tudo isso e diz Mohamed Haddad que os sites e jornais árabes estão nadando de braçadas, adorando a desgraça dela e fazendo tudo o que podem para sujar seu nome. Por uma ironia do destino, ou qualquer coisa do gênero, ela deve ser acolhida pelos Estados Unidos...ou já foi, estou lendo jornais atrasados aqui. Boa propaganda para os Estados Unidos e boa lição para os outros.
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Querelle de Jean Genet no Rosebud livros, por Wagner Campelo.

Os brasileiros da França


[Artigo interessante - na RFI]

Cada vez mais um reflexo da sociedade no Brasil

Dos brasileiros que participam da lavagem das escadarias da basílica do Sacré-Cœur, na colina de Montmartre, em Paris, a maior parte nunca lavou a Igreja do Senhor do Bonfim, em Salvador. Mas isso não impede um grande entusiasmo. Porque viver no exterior tem dessas coisas : a gente desenvolve um saudosismo até do que não viveu mas tem gostinho nacional…
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Sentidos do Humor, trapaças da razão, a charge em Rosebud Livros por Vera do Val

Imprudência



Separei, sempre, o joio do trigo e, muitas vezes, fiquei com o joio. Não foi a sorte ou o azar, foi a imprudência. Eu podia ter escolhido o Luís, mas não, fiquei com o Lazinho. Imprudência! Está vendo minha cara quebrada? Significa que fiquei com o joio, entendeu, doutor? Uma lástima. Claro que não foi a primeira vez, nem a segunda, nem a terceira. Olha também aqui na minha coxa, viu? Estragar umas coxas dessas, doutor? Modéstia à parte...Um dia o desgraçado quase me arrebentou a cabeça, está aí escrito, dei queixa. A imprudência me fez voltar. Daí, doutor, respondendo à sua pergunta, foram sete facadas de raiva, de dor, de medo. Imprudência pura. Devia ter dado um tiro.
Leila Silva
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imagem: Modigliani

The perfect European

quarta-feira, 14 de junho de 2006

Cinema belga - Poelvoorde


Benoît Poelvoorde é cineasta, ator, roteirista, dialoguista e cenarista. Nasceu em Namur em 1964, depois mudou-se para Bruxelas onde foi estudar no Beaux-Arts, ali começa a se apaixonar pelo cinema. Eu adoro seus filmes e seu humor.

Um dos meus preferidos é Les convoyeurs attendent (1999) realisado por Poelvoorde e aqui ele representa Roger, um sujeito pacato que leva uma vida modesta, para melhorar de vida ele mete uma idéia na cabeça, entrar para o livro dos recordes e ganhar um carro prometido por uma associção local, na região de Charleroi, onde vive. O resto é o patético muito bem representado por Poelvorde.

Outros filmes conhecidos:

C'est arrivé près de chez vous (1992)
Atomik Circus (2004) ) comédia com Vanessa Paradis, Jason Flemyng, Benoit Poelvoorde.
Podium comédia com Benoit Poelvoorde, Jean-Paul Rouve, Julie Depardieu.
Akoibon comédia com Jean Rochefort, Nader Boussandel, Marie Denarnaud, Poelvoorde, Chiara Mastroianni (filha de Cathérine Denneuve e Marcelo Mastroianni)
Mais aqui
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Simone de Beauvoir e Sartre em Rosebud Livros.

segunda-feira, 12 de junho de 2006

Cinema belga



Chantal Ackerman

Chantal Ackerman nasceu em 1950 em Bruxelas. É uma das cineastas belgas mais ousadas e já experimentou um pouco de todos os gêneros. Un divan à New York (1996) com Juliette Binoche e William Hurt deve ser o seu filme mais popular e mais conhecido fora da Europa. De l´autre côté (2002) é um documentário sobre os mexicanos que atravessam a fronteira para os Estados Unidos.

Alguns de seus filmes:

De l'autre côté, 2002
La Captive, 2000
Sud, 1999
Un divan à New-York, 1996
D'Est, 1993
Toute une nuit, 1982
Je tu il elle, 1974
Saute ma ville, 1968
Continuação do post sobre cinema belga: Les frères Dardenne

quarta-feira, 7 de junho de 2006

Um poema antigo

Sem tango e sem French kiss

Colo o meu rosto ao seu
E danço um tango imaginário.
Você detesta tango e detesta dançar.
Se insisto, me deixa só no salão.
Beijo-lhe os lábios
Com a boca fechada e a língua contida
Porque você não gosta de French-kiss….
Enquanto você dorme, tomo o rumo de Buenos
Aires.
Parto só porque você não gosta de viagens.
E vou-me, sem dizer adeus.
Você detesta despedidas.
***
Imagem: Bartol

domingo, 4 de junho de 2006

O Mundo de Jack e Rose

Este foi o filme do fim de semana, em DVD mesmo. O título original é The Ballad of Jack and Rose (2005), os personagens principais são Jack Slavin (Daniel Day-Lewis) e sua filha, Rose (Camilla Belle) de 16 anos. Pai e filha vivem numa comunidade, ou melhor, no momento em que se passa o filme, 1986, já vivem sós, todos já tinham abandonado o sonho utópico de viver daquele modo. Jack é teimoso, continua insistindo. Ele e Rose, às vezes parecem dois bichos do mato, sobretudo ela que foi criada realmente à parte, nesta ilha da costa leste dos Estados Unidos.
Jack descobre que está muito doente e começa finalmente a ter menos certezas e preocupações com relação ao futuro da filha. Numa decisão súbita, convida a namorada(Catherine Keener) e os dois filhos dela para virem viver com eles na ilha. Até então ela nunca tinha sido convidada a conhecer o lugar e muito menos a filha. Claro, isso vai provocar um desconforto e uma mudança na garota que adora o pai e não está disposta a dividi-lo com a estranha. O filme é bem mais que isso, alguns percebem também uma crítica ao sonho hippie. Pode ser. É um filme bonito e o mais intenso, na verdade, é a relação entre o pai e a filha que sai um pouco do convencional, ou seja, beira o incesto.

sábado, 3 de junho de 2006

Atlanta - Georgia - Gay Pride Parade



Foi no dia em que o Brasil ganhou a última copa e fazia um calor dos diabos em Atlanta.

Essas aqui, coitadas, estavam na hora errada no lugar errado, tiveram que pedir ajuda da polícia para sair do inferninho.