sexta-feira, 28 de março de 2008

Virginia Woolf

Hoje é aniversário de morte de Virginia Woolf, morreu no dia 28 de março de 1941.

Esta é a carta deixada para o marido, Leonard Woof, quem viu o filme As Horas, lembra-se da leitura desta carta. Emprestei esta tradução do Wikipedia.

"Querido,

Tenho certeza de estar ficando louca novamente. Sinto que não conseguiremos passar por novos tempos difíceis. E não quero revivê-los. Começo a escutar vozes e não consigo me concentrar. Portanto, estou fazendo o que me parece ser o melhor a se fazer. Você me deu muitas possibilidades de ser feliz. Você esteve presente como nenhum outro. Não creio que duas pessoas possam ser felizes convivendo com esta doença terrível. Não posso mais lutar. Sei que estarei tirando um peso de suas costas, pois, sem mim, você poderá trabalhar. E você vai, eu sei. Você vê, não consigo sequer escrever. Nem ler. Enfim, o que quero dizer é que depositei em você toda minha felicidade. Você sempre foi paciente comigo e realmente bom. Eu queria dizer isto - todos sabem. Se alguém pudesse me salvar, este alguém seria você. Tudo se foi para mim mas o que ficará é a certeza da sua bondade. Não posso atrapalhar sua vida. Não mais.

Não acredito que duas pessoas poderiam ter sido tão felizes quanto nós fomos.

V."

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E a versão original:

Dearest, I feel certain I am going mad again. I feel we can't go through another of those terrible times. And I shan't recover this time. I begin to hear voices, and I can't concentrate. So I am doing what seems the best thing to do. You have given me the greatest possible happiness. You have been in every way all that anyone could be. I don't think two people could have been happier till this terrible disease came. I can't fight any longer. I know that I am spoiling your life, that without me you could work. And you will I know. You see I can't even write this properly. I can't read. What I want to say is I owe all the happiness of my life to you. You have been entirely patient with me and incredibly good. I want to say that - everybody knows it. If anybody could have saved me it would have been you. Everything has gone from me but the certainty of your goodness. I can't go on spoiling your life any longer.

I don't think two people could have been happier than we have been.

V.'

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terça-feira, 25 de março de 2008

Lendo (ainda) Lolita em Teerã.

Estou lendo muito devagar este Lolita em Teerã, por isso vou comentando assim aos pedaços. Achei curioso o comentário que alguém deixou no meu post logo abaixo sobre o livro "mulher que tem medo de morrer em luta pelos seus direitos merece a servidão imposta". Eu não sei quem é o autor do comentário, talvez seja alguém muito jovem e imaturo. No decorrer da leitura podemos ver, justamente, que as iranianas não ficaram de braços cruzados deixando que a 'revolução islâmica' tomasse conta da vida delas, tampouco ficaram as paquistanesas e tantas outras quando os brutamontes chegaram com suas armas modernas e barbas medievais. Infelizmente a vida não é assim tão fácil e 'servidão' não é só véu, chador, burca, servidão é também um salto de 15 cms, é botox, lipoaspiração, é obsessão por manequim 38 ou menos ainda, como já escreveu uma autora muçulmana. Nós conhecemos pouco esta cultura para julgar.

Voltando ao livro, uma das maravilhosas mudanças que a revolução islâmica fez: mudar a idade legal de casamento para a mulher, antes era de 16 (ou 18, não me lembro bem) e depois da revolução passou a ser 9. Nove, dá para imaginar? Ou seja, legalizaram a pedofilia. E uma das análises de Lolita (o de Nabokov) aceitas por um professor da universidade de Teerã é a de que Lolita é uma garota sedutora que corrompe Humbert e acaba com a sua carreira, ele, um 'intelectual' com tudo para vencer. Se o professor leu o livro, leu muito mal.
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sexta-feira, 21 de março de 2008

Touradas


Touradas

A primeira e única vez que vi uma tourada foi em Barcelona, em 1968, em companhia de João Cabral de Melo Neto. Fiquei horrizado. Uma covardia, disse eu a João, que me respondeu: "Nada disso. A tourada é a afirmação da inteligência sobre a força bruta". Retruquei que a força bruta era a do toureiro, armado de espada para matar um bicho estonteado, depois de passar vários dias no escuro. E tudo isso para as pessoas se divertirem (!?). O jornal de hoje, dia 7 de abril, informa que o Conselho Municipal de Barcelona aprovou uma moção condenando as touradas. Com isto, elas não estarão proibidas na cidade mas de qualquer modo é um primeiro passo para que o sejam um dia, que espero não tardar. A tradição das touradas é milenar mas nem tudo o que é tradição deve ser considerado bom. Esta é uma tradição.

Ferreira Gullar

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Este texto eu encontrei no Portal Literal, já é meio antigo. Nem preciso dizer que concordo com Ferreira Gullar. Acho que a gente tem sim que questionar algumas tradições, muitas tradições deviam ser questionadas, na verdade. As que levam a maltrato de animais e à subserviência da mulher ou qualquer ser humano, por exemplo.


domingo, 16 de março de 2008

Lendo Lolita em Teerã

Comecei a ler este livro de Azar Nafisi meio por acaso. Uma das visitas americanas deste fim de ano deixou o livro aqui em casa e, mais de uma vez o folheei, sem começar a ler visto que tenho meus pré-conceitos com best-sellers. Outro dia, enquanto esperava a máquina de lavar concluir o seu trabalho, abri o livro e fui lendo, acabei presa da história....ou à história, tanto faz.
Ainda estou no começo, mas acho que vou levar a leitura até o fim. Tem, claro, muitas referências à literatura ocidental, sobretudo Nabokov, não poderia deixar de ser. Eu, ao contrário de muita gente, gosto de livros com referências. Às vezes é como se eu estivesse relendo Lolita ou ouvindo alguém comentar a 'sua leitura' de Lolita. E Nafisi é uma bem conceituada professora de literatura.


''Como Lolita, aproveitamos todas as oportunidades para exibir nossa insubordinação: uma pequena mecha de cabelo à mostra sob os véus, um pouco de cor insinuada na monótona uniformidade da aparência, as unhas compridas, apaixonando-nos ou ouvindo músicas proibidas.'' (trecho de Lendo Lolita em Teerã)

Aqui uma entrevista com Azar Nafisi: O véu é um inferno.

"A questão não é usar ou não o véu. É se a mulher tem o direito de escolha, se pode interpretar a religião como bem entender"
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Aqui o resultado do meu:

Existentialism 85%
Hedonism 45%
Nihilism 45%
Justice (Fairness) 40%
Utilitarianism 30%
Apathy 25%
Strong Egoism 20%
Kantianism 15%
Divine Command 0%

quinta-feira, 13 de março de 2008

Solitude

Solitude é o título desta bonita foto de D. Winston. E 'solitude' é o que eu queria por um tempinho, pelo menos. Estou sentindo falta do tempo em que eu tinha tanto tempo para mim. Tempo até para sentir tédio. Mas, na verdade, tédio mesmo é uma coisa que senti muito raramente, talvez mais na adolescência. Tenho sempre um bom livro por perto.
Hoje estou cansada, andei pela cidade com a nossa visitante francesa e amanhã vou andar mais ainda, no domingo ela volta para o seu castelo, ou seja, o castelo onde ela é guia, no vilarejo do sul da França que tem mais ou menos 200 habitantes. oh lá lá....
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Por que a vida é tão trágica? Tão semelhante a uma pequenina faixa de calçada acima de um abismo? Eu olho para baixo; tenho a sensação de vertigem; pergunto-me como terei que caminhar até o fim. Mas por que sinto isto? Agora que eu o digo, não o sinto mais. A melancolia diminui à medida que escrevo” (Virginia Woolf, Diário, p. 36).
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sábado, 8 de março de 2008

Como Falar dos Livros Que Não Lemos


Como Falar dos Livros Que Não Lemos

Autor: Pierre Bayard

Editora: Objetiva

R$ 29,90

Memoria?

“no momento em que estou lendo, eu já começo a esquecer o que li, e este processo é inelutável, prolongando-se até o momento em que tudo se passa como se eu não tivesse lido o livro e em que eu passo a ser o não-leitor”.
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Escrevi sobre este livro em março de 2007, agora ele foi publicado no Brasil e parece que está fazendo algum sucesso. Ainda não o li, mas fico curiosa...Pode-se ler um trecho aqui.

segunda-feira, 3 de março de 2008

A francesa e o Canigou



Estamos aqui com uma francesa bastante simpática. Vai passar duas semanas conosco ajudando com as aulas de francês, dando idéias, falando com os alunos, contando da sua vida na França e conhecendo um pouco da nossa vida. Ela está terminando um mestrado (ou o correspondente francês) e a vinda dela faz parte do programa. Bom para nós e bom para ela. Ontem fomos à feira e de lá ao museu do olho, andamos muito, ela anda mais que eu e não tem medo de andar debaixo do sol. Eu adoro andar, mas não com sol. Ela é maratonista e já participou de maratonas até no deserto, então, não é o solzinho de Curitiba que vai assustá-la! Ela vive numa cidadezinha no sul da França, um lugar paradisíaco, perto do monte Canigou (foto), parte dos Pireneus

Enfim, tenho estado bastante ocupada com ela e com as aulas, tenho lido pouco, estou sentindo falta dos meus livros.