domingo, 29 de outubro de 2006

Ana Cristina César (1952-1983)



Um Beijo

que tivesse um blue.

Isto é

imitasse feliz a delicadeza, a sua,

assim como um tropeço

que mergulha surdamente no reino expresso

do prazer.

Espio sem um ai

as evoluções do teu confronto

à minha sombra

desde a escolha

debruçada no menu;

um peixe grelhado

um namorado

uma água

sem gás

de decolagem:

leitor embevecido

talvez ensurdecido

"ao sucesso"

diria meu censor

"à escuta" diria meu amor

Ana Cristina César, morreu no dia 29 de outubro de 1983.

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Enfim

Estou contente de ver chegar o dia....o dia 29. Não vou votar, já disse antes, não cuidei da burocracia a tempo e ainda estou inscrita no consulado em Bruxelas. Estou contente pelo seguinte, não aguento mais receber e-mails chamando o Lula de Santa e rapadura. Alguns dizem que recebem mensagens tanto contra o Lula quanto contra o Geraldo, eu não recebi uma mensagem contra o Geraldo. Para os meus amigos e os não amigos que têm o meu e-mail só o Lula é que erra ou então querem me salvar do fogo do inferno petista. Acontece que eu nunca fui petista. É verdade, votei no Lula desde que nasci, sou retardada mental de acordo com muitas das mensagens recebidas. Pois é. Acreditei sim...e sofri, como muita gente vem sofrendo, mas não votaria em Geraldo por nada. Tivesse que votar agora eu não tenho certeza do que faria, mas no Geraldo não, isso não.
Fiquei chocada também quando vi, aqui em Curitiba um adesivo em um carro que mostrava uma mão com quatro dedos e o traço de proibido/não. Muita gente acha engraçado, até amigos meus. Eu devo ter perdido a capacidade de rir porque não vi a mínima graça, muito pelo contrário. Acho sim, uma total falta de respeito e já sei que vão me dizer que falta de respeito foi o que o PT fez. É falta de respeito também, é mesmo, ainda assim não vejo razão e não percebo em quê esse adesivo ajuda. Talvez seja um problema meu não gostar de piadinhas sobre um 'defeito' físico. Eu me lembrei da minha prima que é cega andando na rua, esbarrando em alguém e escutando "Não olha pra onde anda não, parece que é cega!" Ela me contou rindo, mas é um riso assim meio amargo...o pai de uma das minhas melhores amigas veio da Bahia para São Paulo, logo nos primeiros anos de trabalho na cidade ele perdeu uma mão (não um dedo, teve menos sorte) numa máquina...no seu primeiro trabalho, lá se foi a mão. Então talvez eu não ache graça por estar cercada demais desse tipo de história (tenho muitas e algumas bem recentes). Então, não é por ser a 'mão do Lula', é pela grosseria da propaganda. E nada disso é política. Ou é? Ando tão confusa.
....
por Aluízio Alves Filho Revista Achegas

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Milton Hatoum no Rosebud



Uma novela exemplar

"Na literatura brasileira, não são numerosos os prosadores que conquistaram um grande público leitor. Desse punhado de best-sellers, nenhum foi tão popular como Jorge Amado. E isso se deve a vários aspectos. O escritor baiano não se preocupou em criar uma linguagem inovadora, nem mesmo em estruturar ou organizar a narrativa com ousadia, como fez Osman Lins em Avalovara, Nove, Novena e A rainha dos cárceres da Grécia."
Continua no Rosebud Livros
Milton Hatoum

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Atlanta - Stone Mountain

Fiz esta foto em Atlanta, em um lugar chamado Stone Mountain. O lugar não é excepcional, mas eu gosto da foto. Isto é uma Slave cabin, isto é, uma réplica de moradia de escravo...acredite quem quiser que havia todas estas frutas na mesa deles e essa cortininha esvoaçante. Enfim...

Mais fotos minhas em Diletante

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Madame Pommery no Rose


Madame Pommery, de Hilário Tácito

"Assim, só para dar um exemplo, um dos freqüentadores do bordel, Mangancha, apresentou sua versão pessoal para a implementação da eugenia social – a criação de uma raça de super-homens a partir do alcoolismo como meio de seleção. Segundo Mangancha, o álcool seria calor em estado puro, o alimento mais concentrado de todos. Depois de uma hiperexposição das pessoas aos efeitos do poderoso alimento, apenas os mais fortes sobreviveriam."

Continua no Rosebud por Daniel Faria.

domingo, 15 de outubro de 2006

Oscar Wilde


Num dia 15 de outubro, em Dublin, nascia Oscar Wilde. A biografia dele é mais conhecida que a obra. Eu gosto da obra e da biografia, ou seja, da pessoa inteligente, bonita e extravagante que ele foi e é lamentável que a literatura tenha perdido tanto por causa do preconceito. Uma das cartas mais lindas que eu já li foi De Profundis, Oscar Wilde a escreveu da prisão ao rapaz responsável por ele se encontrar ali. O seu livro mais conhecido é, sem dúvida, O retrato de Dorian Gray.
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"É o que você lê quando não tem que fazê-lo, que determinará o que você vai ser quando não puder evitar." Oscar Wilde
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Num 15 de outubro nasceu também meu pai, tão bonito quanto o Oscar Wilde, mas acho que ele não vai gostar se eu colocar uma foto dele aqui.
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Memória de minhas putas tristes, Gabriel Garcia Márquez por Urariano Mota no Rose.

sábado, 14 de outubro de 2006

Meu último conto - Anjos de Prata

Music and Literature by William M. Harnett


Concepção

Estou aqui de mãos vazias, Ida. Escute este desconhecido antes de mandá-lo de volta para o lugar de onde veio. Sou um homem triste e sombrio, mas não sou perigoso, observe o meu perfil e escute. Ida, você não é santa, eu te fiz assim, estou te fazendo assim. Venha à luz, por deus, pelo diabo que seja, não quero me revelar não, Ida, não tenha medo. Hoje você foi a escolhida, será esculpida a cinzel ou desenhada a crayon. Culpas tenho muitas e de nada me servem. Minto, serve-me, é assim que crio, por causa dela e com ela. É assim que te concebo, Ida. Daqui a pouco você estará pronta, paciência com o pobre Lúcio, molde-se, apareça, evolua. Vou à cozinha, tomarei um copo d´água. Ou dois, tudo dependerá da minha garganta, e quando eu voltar estarei pronto para você e espero que esteja pronta para mim. Sentarei de novo aqui nesta mesma cadeira e esperarei que meus dedos deslizem ágeis, que você me procure antes de eu procurá-la, que você se construa espontaneamente. Eu, Lúcio, estou cansado, Ida, já lhe dei um nome, a feição não importa muito. Se eu morresse agora, se eu morresse a caminho da cozinha, antes do copo d´água? Eu te amo tanto, Ida. Você nem está pronta e eu já te amo, porque preciso de você com um futuro, um passado, com suas veias e suas vias. Sou tão só, dependo tanto de você neste momento. Eu vou, então à cozinha....
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Resenha minha no Rose

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Parabéns, Vera!



A minha querida amiga Vera ganhou o prêmio Cidade de Manaus na modalidade Conto. Muito, muito bom. Parabéns para ela!

Confiram aqui:
2. PRÊMIO ARTUR ENGRÁCIO: CONTO
Comissão julgadora:
I. Profº. Carlos Antônio Magalhães Guedelha (ESBAM)
II. Profº. Gabriel Arcanjo Santos de Albuquerque (UFAM)
III. Profª. Maria Sebastiana de Morais Guedes (UFAM)
Obra vencedora: HISTÓRIAS DO RIO NEGRO
VERA DO VAL DE PAULA E SILVA GROBE
PSEUDÔNIMO: INQUIETA
MANAUS - AM

domingo, 8 de outubro de 2006

Um domingo indefinido



Até agora não sei se vai chover, se vai ter sol, se vou ao parque, se vejo um filme...Em Curitiba o tempo é maluco. Os curitibanos mesmo dizem que é possível ter 4 estações em um só dia.
Estou com minha pequena casa cheia de visitas, meu sobrinho com uma amiga, uma americana e uma canadense (amigas de amigos). Coitada da canadense, não viaja para ver um tempo destes. Logo verá mais sol em outras partes do Brasil. A americana é da Califórnia, tem bastante sol por lá, não tem problema com tempo 'ruim'. Acordamos todos bem tarde e estamos enrolando, café, internet, mapas, revistas. É tempo de decidir e aproveitar este domingo...Com chuva ou com sol.

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

O Maior Amor do Mundo


Vi, há algumas semanas o último filme de Carlos Diegues, O MAIOR AMOR DO MUNDO. Eu não sabia muito do filme, meu sobrinho me disse que era bom e eu estava com vontade de ver um filme brasileiro, lá fui....A única coisa que eu sabia era que tinha o José Wilker no filme, eu gosto dele. Ele faz um astrofísico que tem muita dificuldade em se relacionar com as pessoas (não escolheu as estrelas por acaso), viveu por muitos anos nos Estados Unidos e volta ao Brasil para receber uma homenagem, esta vinda coincide com o momento da descoberta de que tem um tumor e logo vai morrer, um momento de confusão, quer ‘descobrir’ o passado, ‘redescobrir’, quer ‘sentir’, nem sabe o que quer do pouco tempo que lhe resta, mas quer. É engraçado vê-lo carregando um daqueles frascos de gel para lavar ou ‘desinfetar’ as mãos quando não é possível lavá-las,....ri muito[A1]. E termina num monte de lixo, deixando a frescura de lado. O pai do astrofísico é um velho rabugento, ranzinza mesmo que a cada aniversário do filho (adotivo, em princípio) faz questão de lembrá-lo que ele nasceu no dia em que o Brasil perdia uma copa do mundo. O filho vai visitar este pai, um maestro respeitado, quando volta ao Brasil, diz ao velho que vai morrer e a resposta do ranzinza é ‘todos vamos morrer’, o filho explica melhor a situação e mostra o resultado do exame que atesta que tem o tumor e que lhe restam poucos dias de vida, o velho olha para o papel e responde: ‘Está em inglês!’. Horrível, a única coisa que comove o velho é a lembrança do seu amor do passado, não a sua esposa, mas a linda menina que um dia apareceu em sua casa. Essa moça do passado do pai é mãe do astrofísico, a que morreu no dia em que o Brasil perdia a copa, por isso mesmo, por causa do futebol, não havia ninguém para socorrê-la. E o astrofísico vai dando uma de Sherlock Holmes nos seus últimos dias, vai juntando peças do quebra-cabeças que é a sua vida, rápido, tem que ser rápido...O pai rabugento dá-lhe uma fotografia e algumas poucas pistas. O interessante da fotografia que o maestro conserva, não é a foto em si, mas a lembrança que ele guarda dela. O amor da sua vida não está ali na foto, mas estava detrás da máquina, ela tirou a foto dele, da esposa dele e da empregada.

[A1]Eu também carregava aquilo e ainda tenho para quando viajo, mas tenho ‘relaxado’, em Cingapura muita gente, minhas amigas japonesas sobretudo, carregavam esse gel. Esse gel e uma toalhinha, sombrinha, meia.....tudo o que a gente precisasse saía da bolsa mágica delas. Incrível a bolsa de uma japonesa.
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Dickens - Um conto de duas cidades no RoseLivros.

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Mais um cantinho da minha biblioteca



Não, não li todos ainda....

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Quê?


Eu estou sonhando, ou melhor, tendo outro pesadelo? Maluf, Collor, Clodovil?
Digam que não é verdade. Não é possível que tenha gente tão masoquista neste Brasil....
Eu? Não votei, não devia julgar ninguém já que nem o meu dever eu cumpri, não fiz a transferência a tempo, estou ainda inscrita na Consulado do Brasil na Bélgica. Ainda assim! Collor e Maluf, não dá, é uma aberração, sei que há outras, mas essa entalou aqui. Nem continuei a olhar a lista....
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"A diferença entre uma democracia e uma ditadura consiste em que numa democracia se pode votar antes de obedecer as ordens."
Charles Bukowski.