terça-feira, 26 de outubro de 2004

Brasilia and green go.

Um dia um aluno francês me disse que uma vez foi obrigado a fazer escala em Brasíla, no aeroporto tomou um taxi e, durante a corrida, viu que nada na cidade podia interessá-lo, fechou-se no hotel e esperou o vôo, fumando, certamente, uns quinhentos cigarros. Lembro-me dele sempre envolvido pela fumaça. Ele já tinha estado duas vezes no Brasil, uma vez com os pais (que têm uma fábrica de perfumes na região parisiense) e outra por ele mesmo. Com os pais ficou no Club Med. Na minha modesta opinião, a coisa mais aborrecida do mundo deve ser vir para o Brasil e ficar enterrado no Club Med, mas tudo bem, cada um na sua e todo mundo com sukita. Quando veio só, não perguntei o que ele ficou fazendo, só sei isso: que odiou Brasília. Do português que tentei lhe ensinar ele não aprendeu quase nada. Era desses que queria aprender línguas num passe de mágica.

Outro dia li numa revista que a esposa do novo embaixador (americano?) todo dia sonha que está assassinando o Niemayer.
Eu fui conhecer Brasília já grandinha (eu e Brasília)….isso foi, vamos ver, há uns três anos atrás. Quer dizer, eu já conhecia boa parte do mundo quando fui conhecer a capital do meu país. Shame on me! Eu tinha um amigo brasileiro que, viajando pela Europa, mentia que conhecia Brasília. Não só mentia como descrevia a cidade, os monumentos, os bairros e tudo o mais que o ouvinte quisesse saber. Nunca tinha botado os pés lá mas que não queria confessar isso. Na verdade, os europeus querem saber muito mais sobre a Amazônia do que sobre Brasíla. E lá também nunca estive. Hei de ir!

Dia desses passei pelo Planalto Central com amigo euro-americano. Discordo do meu aluno francês e da senhôra embaixatriz…Não me pareceu mal. Não sei se ia querer viver lá a vida inteira mas não saberia dizer onde quero viver a vida inteira. Há tantos lugares para se viver. Agora, por exemplo, eu queria passar um ano em Buenos Aires.

Antes de entrar em Brasília vi um letreiro que indicava o ‘Hotel Hótymo’….Hótymo? Pelamordezeus! Tem gente criativa neste mundo, não? Depois passamos por um viaduto que se chama Ayrton Senna. Again? Nem estamos em São Paulo. Esclareço que não tenho nada contra o Senna e sei que é proibido falar mal dele, não vou arriscar. Eu só acho que podiam variar um pouco, cansa a vista esses nomes repetidos. Bom, deixemos o Senna de lado, ou melhor, debaixo.
Na estrada, em meio aos berros de Janis Joplin, o meu amigo quis saber se no Brasil também se usava o termo gringo, como no México. Claro, eu disse, só não sei se se usa ‘como no México’. Ele disse que no México o termo é carregado de negatividade e só se usa para os americanos….Well, acho que aqui é um poquito diferente. Depois discutimos a origem da palavra e eu expliquei que, vejam bem, uma vez li que o termo nasceu em certo país da América Central (?). Os nativos, quando viam os soldados americanos, nos seus uniformes esverdeados, gritavam: Green go! O meu amigo quase morreu de rir da explicação que, eu juro, não foi inventada por mim.
Algum de vocês já ouviu algo a respeito da origem dessa palavra? Tenho que arrumar outra explicação para esse gringo, embora eu tenha achado esta bastante plausível.

Leila

3 comentários:

Unknown disse...

Eu adorei a explicação para "gringo". E também gosto muito de Brasília, apesar de todos acharem que goianos não podem gostar de lá... :)
Beijos para ti, Ilvia
http://ilvia.blogspot.com

Anônimo disse...

Os conhecimentos superficiais geralmente saem de pessoas superficiais. Sào pessoas rasas que não conseguem mergulhar o olhar em nada. Nada vão conhecer além de sua pequenez íntima. Quantas viagens perdidas...
Reginaldo Siqueira www.singrando.org

Unknown disse...

Leila,
Cheguei aqui pelo "Voando pelo céu da boca", que eu também conheci recentemente. Tenha a certeza de que voltarei outras vezes.
Beijos