quarta-feira, 30 de abril de 2008

Em Minas

Aqui estou. Vim ver a família e comprar queijo. O último é brincadeira, é que no Sul o povo pensa que em Minas a gente só vive de queijo. É verdade que alguns mineiros fazem jus à reputação, mas não vamos exagerar, tem também o pão de queijo, goiabada com queijo, doce de leite...
Falando por mim, o único aí que eu adoro e que comeria todos os dias é o pão de queijo.
Enfim, cá estou e morta de preguiça. No caminho li O Ciclo das águas, de Moacyr Scliar.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Lendo: Invitation to a Beheading

Estou lendo um dos livros que minhas visitas trouxeram, Convite Para Uma Decapitação. Extremamente interessante, vou falar dele assim que terminar. O personagem principal é Cincinnatus C. que está preso esperando o cumprimento da sentença, a decapitação. O seu crime? «torpeza gnóstica».
De Nabokov eu tinha lido, como a maioria, Lolita que é um dos meus livros preferidos. Um dos.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Feriado

Estou chegando à conclusão de que um feriado na segunda é melhor do que na sexta. É muito bom acordar numa segunda e não ter que pensar na hora, nos alunos, em papéis para assinar, em compromissos. C'est très bon! E pela manhã fazia um tempo formidável em Curitiba, então fomos tomar café da manhã fora, tão tarde que a moça perguntou se queríamos café ou almoço. Depois fomos ao parque Tanguá e à Ópera de Arame com nossas visitas. Depois disso eles decidiram ir a uma churrascaria, ninguém pode passar pelo Brasil sem ir numa dessas. Parece. Eu não fui, voltei para casa e pensei em caminhar um pouco à tarde, só pensei, porque estamos em Curitiba e o sol que apareceu pela manhã se liquidificou. Cai a mesma chuva de ontem, tranqüila e monótona. o cachorro, coitado, fica inconformado. C'est la vie! Tento explicar para ele, 'uns dias chove, noutros dias bate sol.'
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imagem: L'Ange Bleu, Denis Nolet.

domingo, 20 de abril de 2008

Love Me Or Leave Me



Nina Simone - Love Me Or Leave Me
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Um bom domingo pra todo mundo, seja na Itália, em Brasília, em Manaus, na Bélgica, na China, na Austrália...todos os que passarem por aqui.
Em Curitiba chove uma chuvinha romântica.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

A CASA DAS BELAS ADORMECIDA

Yasunari Kawabata

Além de A Casa das Belas Adormecidas li os seguintes livros de Kawabata: The Dancing Girl of Izu and Other Stories, O País das Neves, Kyoto e agora estou lendo Contos da Palma da mão. Gostei de todos eles, são histórias curtas, normalmente plenas de sensualidade ou são uma reflexão sobre a existência, sobre a velhice, sobre a vida do próprio autor já que muitas das histórias são retiradas do seu diário. A Casa das Belas Adormecidas foi um dos que mais me impressionou e não sei bem a razão, talvez seja a forma, mas pode ser também a ousadia do autor ao tratar o tema da velhice através do personagem Eguchi, um respeitável senhor bem passado dos 60 anos. Este senhor, primeiro tomado por certa curiosidade, começa a freqüentar o local cujo nome é título do livro. Esta casa não é um bordel, entretanto, pelo menos não nos termos convencionais, é um lugar mais de contemplação que de ‘ação’. Os velhos que pagam para passar a noite na casa estão proibidos de ter relações com as garotas que trabalham ali, elas são pagas, na verdade, para dormir e permitir que sejam contempladas no seu sono e beleza. Por vezes, acariciadas, mas muitas regras devem ser seguidas. As meninas não devem saber com quem passaram a noite e dormem profundamente, não um sono natural, mas induzido por um produto que devem tomar, o cliente também pode tomar o sonífero, se desejar.

Um trecho:

“A decrepitude hedionda dos pobres velhotes que procuravam aquela casa ameaçava atingi-lo dentro de alguns anos. Quanto da imensurável amplitude do sexo, da insondável profundidade do sexo ele teria tocado na sua vida de 67 anos? Além disso, em volta dos velhotes nasciam incontáveis peles renovadas de mulheres, peles jovens, de garotas bonitas. Os desejos de sonhos impossíveis, o lamento pelos dias que lhes escaparam e que estavam perdidos para sempre não estariam impregnando os pecados daquela casa secreta? Eguchi já havia pensado que as garotas adormecidas o tempo todo seriam uma eterna liberdade para os velhotes. As garotas adormecidas e mudas certamente lhes falavam tudo que eles gostariam de ouvir.”

Toda vez que se fala neste livro é obrigatório acrescentar que G. Márquez baseou-se nele para escrever o seu Memória de minhas putas tristes. Não há comparação entre os dois, na minha opinião, claro. Não estou negando que um tenha sido baseado no outro pois o próprio Márquez já o afirmou. Memória de minhas putas tristes é, sempre na minha modesta opinião, o pior livro deste autor. Ainda que eu não tenha lido todos. Não vejo neste último livro nada da beleza e da sutileza do livro de Kawabata.

Yasunari Kawabata nasceu em Osaka em 1899, estudou Literatura na Universidade Imperial de Tóquio, recebeu o prêmio Nobel em 1968.


segunda-feira, 14 de abril de 2008

ESTÔMAGO

Estômago foi o filme deste fim de semana. Ótimo em todos os sentidos, engraçado, mas profundo...não é apenas mais uma comédia (nada contra comédias comédias, adoro rir), os atores são todos muito bons também, eu conhecia poucos, talvez só o Paulo Miklos. João Miguel que faz o papel do cozinheiro amoral, Raimundo Nonato, é o mais impressionante. Claro, ele faz o papel principal, tinha que impressionar mesmo. Bom, o filme já recebeu tantos prêmios por aí que só posso acrescentar, vá ver. Não vou começar a contar a história que fica sem graça. Tinha um amigo italiano com a gente no cinema e ele se divertiu mesmo sem entender. Está certo que em alguns momentos ele disse que riu mais da minha risada. Um momento muito engraçado é quando Nonato está conversando com a prostituta Íria e ela lhe fala do molho putanesca e ele entende 'puta vesga'. E ela fica puta mesmo.

Olha, o ficha técnica está dizendo que é um drama. Que coisa! Não deixa der ser, mas não pára aí.

FICHA TÉCNICA
Título Original: Estômago
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 112 minutos
Direção: Marcos Jorge
Roteiro: Lusa Silvestri
Música: Giovanni Venosta
Fotografia: Toca Seabra
Produção: Claudia da Natividade (Zencrane); Fabrizio Donvito, Marco Cohen e Gabriele Muccino (Indiana)

Ontem foi aniversário de mi maman, dei os parabéns por telefone mesmo, fazer o quê? Na verdade ela pouco se importa com datas e a coisa mais difícil do mundo é escolher um presente para ela. Como vencer o seu pragmatismo extremo ? Não é vaidosa, nem quando era jovem (que eu saiba), não se interessa por livros, só aqueles que falam de plantas...já comprei um monte....cinema? Esqueça. Encontrarei alguma coisa antes de ir vê-la.
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Mais visitas dos isteitis com mais uma um monte de livros magníficos, sobretudo Nabokov e P. Roth. Ok, estes eu tinha pedido. E o tempinho tão propício à leitura por agora, queria me fechar em algum lugar por duas semanas....Não vai dar.
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imagem:European Travel, Arnie Fisk.

sexta-feira, 11 de abril de 2008



Calor em Curitiba.

O cachorro está ali ‘morto’ em cima do sofá, desconfio que ele não gosta muito de calor, mas no frio também se encolhe todo. Acho que é o beagle mais preguiçoso que já vi. Só não é preguiçoso quando a gente propõe um passeio, pula do sofá, dá uma sacudida, ajeita o pescoço para a coleira e começa a pular feito louco. E não gosta de enrolação, uma vez feita a proposta é melhor agir rápido.

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Alergia ou gripe? Não estou respirando bem.

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Lembrete:

Tomar pelo menos 1 litro de água por dia, comer no mínimo 3 frutas, mais proteína no cardápio, andar 40 minutos....oh lá lá. (já ajudou a lembrar, fui na cozinha e peguei o meu copão de água, deve conter pelo menos 300ml.)

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Foto: Tommy por Aaron.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Xantipa


[Um dos meus contos antigos, antigos...como não ando escrevendo e como estou gripada e sem coragem para nada, aí vai]

Xantipa

‘A mesma paisagem
escuta o canto e assiste
à morte da cigarra’

Matsuo Bashô

Aqui dorme-se bem, o colchão é macio, os lençóis alvos e perfumados. Sim, aqui dorme-se muito bem, não é como no meu pequeno e imundo barraco. Eu gostei dessa ilha tranquila e silenciosa, sobretudo agora. Vou partir contrariada, com o coração aos pedaços, diria se fosse um pouco mais dramática. É duro abandonar tanto conforto mas já é tempo. Amanhã pego o barco e vou por aí, deixo todo mundo aqui que eu estou cansada dessa gente. Obrigada pela cama, pela boa comida, pelos vinhos, pela praia, pelo sol, por tudo….Vou-me. Depois de tantos anos, digo-lhes, finalmente, adeus!

Dona Adélia Campos Guimarães, minha patroa, nem responde, os outros também não. Ninguém mais responde e nem ordena: ‘Xantipa vá buscar isso, por favor.’ ‘Xantipa, nós vamos jogar tênis, prepare um lanche para daqui a duas horas, sim?’ ‘Xantipa, vamos jantar às oito horas, prepare os camarões.’

De manhã lhes sirvo café quente, pães, sucos, limpo a mesa, o chão, troco os lençóis, lavo as toalhas, milhões de toalhas que devem estar sempre limpas e cheirosas. Mas tudo isso é pretérito imperfeito, falo no presente por descuido e costume, agora estão todos lá fora, alguns com a boca já cheia de formigas, outros estão ainda na varanda onde lhes servi o camarão bem temperado. Camarão é uma comida estranha e facilmente perecível, eu mesma detesto camarões, sou alérgica, mas eles gostam, digo, gostavam. O Valter não deve ter comido bastante e me deu trabalho. Droga! Esse imbecil bebia tanto que não se importava em comer. Eu devia ter temperado as bebidas também. Da porta vi quando os outros começaram a sentir tonturas, alguns não tiveram a decência de procurar um canto escondido para vomitar e, vendo aquele espetáculo, vomitei também. Não suporto ver gente vomitando, tenho o estômago fraco, ele dá umas reviradas e, como num ato de solidariedade, vomito junto. Valter, que já estava bêbado, não entendia direito aquelas cenas. Alguns correram para o mar procurando, decerto, se refrescar, então, percebendo que não se tratava de uma brincadeira, Valter quis entrar para telefonar, eu empurrei a porta e me tranquei aqui dentro. Ele esmurrou-a e depois tentou as outras portas mas não tinha muita força, desistiu e tentou chegar ao barco, eu o segui e dei-lhe uma cacetada na cabeça. Merda, eu não contava com isso, mas tive que fazê-lo pois com o barco ele poderia, rapidamente, avisar um dos vizinhos. Foi chato isso, pois uma coisa é envenenar comidas, outra é sair distribuindo cacetadas em cabeça de bêbado. Para o envenamento eu tinha me preparado com muita antecedência, tinha estudado e, além disso, era colocar o veneno e esperar agir, já as cacetadas foram todas improvisadas, uma violência. Foi chato, muito chato, mas está feito.

Agora é apagar o que puder dos meus traços, juntar as minhas poucas roupas e desaparecer. Vou amanhã bem cedo antes que os curiosos apareçam por aqui, o telefone tem tocado cada vez mais, os recados preocupados se acumulam na secretária eletrônica. É tempo.

Leila Silva
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imagem:Bouquet di Tulipani, Eva Barberini

segunda-feira, 7 de abril de 2008

À la Claire Fontaine



Esta canção faz parte da trilha sonora do filme Despertar de uma paixão. É belíssima e a mesma versão do filme pode ser ouvida no youtube.

A la claire fontaine

A la claire fontaine
M'en allant promener
J'ai trouvé l'eau si belle
Que je m'y suis baigné.

Il y a longtemps que je t'aime,
Jamais je ne t'oublierai.
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"Esta canção faz parte de todas as listas folclóricas, tradicionais, infantis e dos Éclaireurs (Escoteiros) franceses. À la Claire Fontaine possui uma força mística e um significado mágico que transcende a simples tradução. Vive no coração dos gauleses."

Fonte: mallemont
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Ontem meu sobrinho que vive na Bélgica fez um ano, que pena que está tão longe, só ouvi o grito dele pelo skype. E como o tempo é relativo, passa tão rápido e tão devagar. Parece que faz um tempão que estive na Bélgica, que vi minha irmã 'aprendendo' a ser mãe, que balancei o Dani do meu jeito desajeitado enquanto escutávamos Nina Simone. Anos, meses, semanas, horas....tudo isso é realmente uma invenção.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

GEN - Pés descalços

Keiji Nakazawa, Conrad.

Li esses dias os 4 volumes de GEN - Pés descalços. É muito bom, vi em algum blog que uma professora de história estava indicando para os alunos, para que entendessem melhor o que aconteceu em Hiroshima. Achei excelente a idéia, o livro é, em certo sentido, meio didático mesmo, ou se presta a isso. O autor viveu aquele drama, perdeu o pai, irmã, irmão por causa da bomba e, por mais que tenha evitado abordar o assunto em seu trabalho chegou um momento em que ele sentiu necessidade de contar a sua versão. E que versão! É um livro impressionante, com imagens impressionantes, tristes, macabras, mas é um livro pleno de humor e esperança também. Pensar que até outro dia eu não o conhecia, um amigo 'de leituras' me emprestou os 4 volumes e eu os devorei. Um dos volumes tem prefácio de Art Spiegelman, autor de MAUS, outra HQ que eu (e muita gente) adoro.

"Gen é uma dessas raras histórias em quadrinhos que realmente conseguem realizar a mágica: traços em papel que adquirem vida" (Spiegelman)

Mais aqui.

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"A bomba que destruiu Hiroshima era de urânio. Em Nagasaki, eles testaram a de plutônio. Eram bombas sujas. Na década de 1950, houve o teste da bomba de hidrogênio. As pessoas pensam que a bomba nuclear é uma bomba, mas não é. É uma reação em cadeia. Havia um planejamento para uma bomba de cobalto, mas eles acabaram desistindo porque ninguém podia prever até onde essa reação em cadeia iria."

Paulo Francis

quarta-feira, 2 de abril de 2008

noites


Noite mal dormida. A cada vez que isso acontece eu tenho medo da insônia voltar, tenho horror da insônia. Não dormir uma noite é uma coisa, passar várias noites olhando nervosa para o teto, ligando e desligando a tv, tentando não acordar os outros da casa, tentando ler e não conseguindo se concentrar, pensando e pensando e pensando até que vem a manhã e você se sente um trapo, os nervos à flor da pele, o dia se arrasta e lá vem outra noite. Não, nunca mais, nem que seja à custa de remédio. Nessa época da insônia eu 'reclamei' para uma amiga muito querida, mas que não entendia nada do que eu estava sentindo, ela disse: 'Que maravilha, eu ia adorar, significa mais tempo...'Infelizmente não significa. Sei que não precisamos todos do mesmo número de horas de sono, mas precisamos de algumas horas pelo menos. Mas, enfim, hoje foi só uma noite e nem se compara aos tempos da insônia, nada que dois copos de café não resolvam.
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imagem: Sommeil, Salvador Dali

sexta-feira, 28 de março de 2008

Virginia Woolf

Hoje é aniversário de morte de Virginia Woolf, morreu no dia 28 de março de 1941.

Esta é a carta deixada para o marido, Leonard Woof, quem viu o filme As Horas, lembra-se da leitura desta carta. Emprestei esta tradução do Wikipedia.

"Querido,

Tenho certeza de estar ficando louca novamente. Sinto que não conseguiremos passar por novos tempos difíceis. E não quero revivê-los. Começo a escutar vozes e não consigo me concentrar. Portanto, estou fazendo o que me parece ser o melhor a se fazer. Você me deu muitas possibilidades de ser feliz. Você esteve presente como nenhum outro. Não creio que duas pessoas possam ser felizes convivendo com esta doença terrível. Não posso mais lutar. Sei que estarei tirando um peso de suas costas, pois, sem mim, você poderá trabalhar. E você vai, eu sei. Você vê, não consigo sequer escrever. Nem ler. Enfim, o que quero dizer é que depositei em você toda minha felicidade. Você sempre foi paciente comigo e realmente bom. Eu queria dizer isto - todos sabem. Se alguém pudesse me salvar, este alguém seria você. Tudo se foi para mim mas o que ficará é a certeza da sua bondade. Não posso atrapalhar sua vida. Não mais.

Não acredito que duas pessoas poderiam ter sido tão felizes quanto nós fomos.

V."

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E a versão original:

Dearest, I feel certain I am going mad again. I feel we can't go through another of those terrible times. And I shan't recover this time. I begin to hear voices, and I can't concentrate. So I am doing what seems the best thing to do. You have given me the greatest possible happiness. You have been in every way all that anyone could be. I don't think two people could have been happier till this terrible disease came. I can't fight any longer. I know that I am spoiling your life, that without me you could work. And you will I know. You see I can't even write this properly. I can't read. What I want to say is I owe all the happiness of my life to you. You have been entirely patient with me and incredibly good. I want to say that - everybody knows it. If anybody could have saved me it would have been you. Everything has gone from me but the certainty of your goodness. I can't go on spoiling your life any longer.

I don't think two people could have been happier than we have been.

V.'

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terça-feira, 25 de março de 2008

Lendo (ainda) Lolita em Teerã.

Estou lendo muito devagar este Lolita em Teerã, por isso vou comentando assim aos pedaços. Achei curioso o comentário que alguém deixou no meu post logo abaixo sobre o livro "mulher que tem medo de morrer em luta pelos seus direitos merece a servidão imposta". Eu não sei quem é o autor do comentário, talvez seja alguém muito jovem e imaturo. No decorrer da leitura podemos ver, justamente, que as iranianas não ficaram de braços cruzados deixando que a 'revolução islâmica' tomasse conta da vida delas, tampouco ficaram as paquistanesas e tantas outras quando os brutamontes chegaram com suas armas modernas e barbas medievais. Infelizmente a vida não é assim tão fácil e 'servidão' não é só véu, chador, burca, servidão é também um salto de 15 cms, é botox, lipoaspiração, é obsessão por manequim 38 ou menos ainda, como já escreveu uma autora muçulmana. Nós conhecemos pouco esta cultura para julgar.

Voltando ao livro, uma das maravilhosas mudanças que a revolução islâmica fez: mudar a idade legal de casamento para a mulher, antes era de 16 (ou 18, não me lembro bem) e depois da revolução passou a ser 9. Nove, dá para imaginar? Ou seja, legalizaram a pedofilia. E uma das análises de Lolita (o de Nabokov) aceitas por um professor da universidade de Teerã é a de que Lolita é uma garota sedutora que corrompe Humbert e acaba com a sua carreira, ele, um 'intelectual' com tudo para vencer. Se o professor leu o livro, leu muito mal.
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sexta-feira, 21 de março de 2008

Touradas


Touradas

A primeira e única vez que vi uma tourada foi em Barcelona, em 1968, em companhia de João Cabral de Melo Neto. Fiquei horrizado. Uma covardia, disse eu a João, que me respondeu: "Nada disso. A tourada é a afirmação da inteligência sobre a força bruta". Retruquei que a força bruta era a do toureiro, armado de espada para matar um bicho estonteado, depois de passar vários dias no escuro. E tudo isso para as pessoas se divertirem (!?). O jornal de hoje, dia 7 de abril, informa que o Conselho Municipal de Barcelona aprovou uma moção condenando as touradas. Com isto, elas não estarão proibidas na cidade mas de qualquer modo é um primeiro passo para que o sejam um dia, que espero não tardar. A tradição das touradas é milenar mas nem tudo o que é tradição deve ser considerado bom. Esta é uma tradição.

Ferreira Gullar

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Este texto eu encontrei no Portal Literal, já é meio antigo. Nem preciso dizer que concordo com Ferreira Gullar. Acho que a gente tem sim que questionar algumas tradições, muitas tradições deviam ser questionadas, na verdade. As que levam a maltrato de animais e à subserviência da mulher ou qualquer ser humano, por exemplo.


domingo, 16 de março de 2008

Lendo Lolita em Teerã

Comecei a ler este livro de Azar Nafisi meio por acaso. Uma das visitas americanas deste fim de ano deixou o livro aqui em casa e, mais de uma vez o folheei, sem começar a ler visto que tenho meus pré-conceitos com best-sellers. Outro dia, enquanto esperava a máquina de lavar concluir o seu trabalho, abri o livro e fui lendo, acabei presa da história....ou à história, tanto faz.
Ainda estou no começo, mas acho que vou levar a leitura até o fim. Tem, claro, muitas referências à literatura ocidental, sobretudo Nabokov, não poderia deixar de ser. Eu, ao contrário de muita gente, gosto de livros com referências. Às vezes é como se eu estivesse relendo Lolita ou ouvindo alguém comentar a 'sua leitura' de Lolita. E Nafisi é uma bem conceituada professora de literatura.


''Como Lolita, aproveitamos todas as oportunidades para exibir nossa insubordinação: uma pequena mecha de cabelo à mostra sob os véus, um pouco de cor insinuada na monótona uniformidade da aparência, as unhas compridas, apaixonando-nos ou ouvindo músicas proibidas.'' (trecho de Lendo Lolita em Teerã)

Aqui uma entrevista com Azar Nafisi: O véu é um inferno.

"A questão não é usar ou não o véu. É se a mulher tem o direito de escolha, se pode interpretar a religião como bem entender"
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Aqui o resultado do meu:

Existentialism 85%
Hedonism 45%
Nihilism 45%
Justice (Fairness) 40%
Utilitarianism 30%
Apathy 25%
Strong Egoism 20%
Kantianism 15%
Divine Command 0%

quinta-feira, 13 de março de 2008

Solitude

Solitude é o título desta bonita foto de D. Winston. E 'solitude' é o que eu queria por um tempinho, pelo menos. Estou sentindo falta do tempo em que eu tinha tanto tempo para mim. Tempo até para sentir tédio. Mas, na verdade, tédio mesmo é uma coisa que senti muito raramente, talvez mais na adolescência. Tenho sempre um bom livro por perto.
Hoje estou cansada, andei pela cidade com a nossa visitante francesa e amanhã vou andar mais ainda, no domingo ela volta para o seu castelo, ou seja, o castelo onde ela é guia, no vilarejo do sul da França que tem mais ou menos 200 habitantes. oh lá lá....
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Por que a vida é tão trágica? Tão semelhante a uma pequenina faixa de calçada acima de um abismo? Eu olho para baixo; tenho a sensação de vertigem; pergunto-me como terei que caminhar até o fim. Mas por que sinto isto? Agora que eu o digo, não o sinto mais. A melancolia diminui à medida que escrevo” (Virginia Woolf, Diário, p. 36).
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sábado, 8 de março de 2008

Como Falar dos Livros Que Não Lemos


Como Falar dos Livros Que Não Lemos

Autor: Pierre Bayard

Editora: Objetiva

R$ 29,90

Memoria?

“no momento em que estou lendo, eu já começo a esquecer o que li, e este processo é inelutável, prolongando-se até o momento em que tudo se passa como se eu não tivesse lido o livro e em que eu passo a ser o não-leitor”.
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Escrevi sobre este livro em março de 2007, agora ele foi publicado no Brasil e parece que está fazendo algum sucesso. Ainda não o li, mas fico curiosa...Pode-se ler um trecho aqui.

segunda-feira, 3 de março de 2008

A francesa e o Canigou



Estamos aqui com uma francesa bastante simpática. Vai passar duas semanas conosco ajudando com as aulas de francês, dando idéias, falando com os alunos, contando da sua vida na França e conhecendo um pouco da nossa vida. Ela está terminando um mestrado (ou o correspondente francês) e a vinda dela faz parte do programa. Bom para nós e bom para ela. Ontem fomos à feira e de lá ao museu do olho, andamos muito, ela anda mais que eu e não tem medo de andar debaixo do sol. Eu adoro andar, mas não com sol. Ela é maratonista e já participou de maratonas até no deserto, então, não é o solzinho de Curitiba que vai assustá-la! Ela vive numa cidadezinha no sul da França, um lugar paradisíaco, perto do monte Canigou (foto), parte dos Pireneus

Enfim, tenho estado bastante ocupada com ela e com as aulas, tenho lido pouco, estou sentindo falta dos meus livros.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Nina Simone



Eunice Kathleen Waymon, é este o nome verdadeiro da última diva, Nina Simone. Ela nasceu no dia 21 de fevereiro de 1933, hoje estaria completando 75 anos. Eu a vi um dia, não em concerto, mas em um restaurante brasileiro em Paris, era aniversário dela, sei disso porque o restaurante colocou uma homenagem. Eu não falei com ela, não pedi autógrafo, não a ouvi cantar, nada disso. Só olhei. E vi.

Escute aqui 'Here Comes the Sun'