terça-feira, 12 de maio de 2009

Os Irmãos Karamázov

Estou terminando o volume 1 de Os Irmãos Karamázov, uma das minhas melhores leituras dos últimos meses (a pior foi certamente aquele Travesuras de la Niña Mala). Estou contente também com esta edição - Editora 34 - que escolhi, é um livro bonito, bem cuidado, bem ilustrado. Mais importante ainda é a tradução que parece ser uma das melhores feitas até hoje. Algumas edições antigas foram feitas a partir do francês. Imagine, se o tradutor é um traidor, traduzindo de uma tradução vira o quê? Li essa semana na Folha que o tradutor desta edição, Paulo Bezerra, recebeu um prêmio da ABL pelo conjunto de sua obra. Deve ter merecido.

A parte que eu estava lendo ontem, uma conversa entre os irmãos Ivan e Alyosha era sobre crença, crença e descrença se se pode dizer assim. Alyosha parece ser o personagem principal, mas Ivan é o mais interessante até agora. Nessa longa conversa entre os dois irmãos, Ivan que é mais velho fala a Alyosha que é extremamente religioso, sobre suas dúvidas, basicamente ele rejeita a existência de Deus com o argumento de que não é possível aceitar um ser supremo, com poder absoluto e que permita tanto sofrimento na terra. Ivan usa, para ilustrar seu argumento, o sofrimento das crianças, esses seres que não tiveram 'nem tempo de pecar.' Aparentemente os casos citados por Ivan são baseados em histórias reais que aconteceram na época em que o autor vivia. Um deles é sobre uma garotinha de 5 anos que é torturada pelos próprios pais por não se comportar do modo como eles esperam. Outro caso se refere a um garoto de 8 anos, filho dos servos de um tal senhor que tem inúmeros cães, um dia um dos cães está mancando e o homem quer saber a razão, dizem-lhe que o garoto em questão lançou sem querer uma pedra e o cão foi atingido, o senhor ordena então que prendam o garoto durante toda a noite e pela manhã ordena que soltem o garoto e deixa que os cães o estraçalhem na frente da mãe. Alyosha que é religioso fica desesperado diante dos casos ilustrativos do irmão.

Eu pensei em terminar o volume 1 e fazer uma pausa, ler outra coisa antes de iniciar o volume 2. Vamos ver. Se continuar interessante assim não vou conseguir parar.
...


2 comentários:

Allan Robert P. J. disse...

Pois eu sugiro forçar a pausa. Depois conte o que decidiu e qual a sensação. :)

Juliano disse...

Como é um livro único e originalmente sem a divisão em dois volumes, não há porque fazer uma pausa. Se o temor é a difícil compreensão, é só ler novamente depois, como estou fazendo agora.