sábado, 9 de maio de 2009

Will Self ironiza as religiões no romance "O Livro de Dave"

[Já tinha lido sobre este livro em algum blog, agora li esta reportagem na Folha, estou curiosíssma a respeito]

RAQUEL COZER
da Folha de S.Paulo

Prega a Bíblia que não se deve cobiçar a mulher do próximo. Em "O Livro de Dave", a ordem é simplesmente não cobiçar a mulher. Nenhuma delas.

Esse é apenas um dos preceitos religiosos que passam a reger a humanidade depois de um colapso da natureza, segundo a imaginação de Will Self, 47, um dos maiores escritores britânicos da atualidade.
No romance, que sai agora no Brasil pela Alfaguara, uma Inglaterra pós-catástrofe ambiental aparece quase toda submersa, com habitantes vivendo sob os ensinamentos de Dave Rudman, taxista loser da Londres contemporânea.

Como o personagem passa de motorista a profeta é algo que Self revelará nos detalhes mais espinhosos. Após perder a guarda do filho para a ex-mulher, Dave escreve e enterra um volume com ideias sobre como o mundo deveria ser --homens e mulheres vivendo separados, com guarda de filhos dividida, é um exemplo. Séculos depois, o livro é encontrado na ilha de Ham (que um dia foi Hamsptead) e vira a nova Bíblia.

O romance explicita a visão do autor sobre como a necessidade de uma religião --um "bálsamo metafísico", nas palavras dele-- pode fazer as pessoas aceitarem normas "sem sentido". "Não penso que toda religião seja ruim", diz Self à Folha por e-mail, "mas o conteúdo de um livro sagrado é menos importante que a busca do ser humano pela doutrina religiosa".


Continua....

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