Vladimir Nabokov
Invitation to a beheading foi traduzido em Portugal como Convite para uma decapitação (Vladimir Nabokov, Convite para uma decapitação, Assírio & Alvim, Fevereiro de 2006, 217 pp. Tradução do inglês por Carlos Leite), pesquisando na internet não achei nada sobre ele no Brasil, mas não procurei muito.
Nem pretendo resumir aqui a história deste livro, seria muito difícil e insensato. A trama: Cincinnatus C foi condenado à decapitação pelo crime de ‘torpeza gnóstica’(“gnostical turpitude”) e cabe ao leitor deduzir o que vem a ser isso. Parece que torpeza gnóstica é ‘ser diferente’, é não poder ou não querer ver o mundo como os demais. O pobre condenado não consegue nem mesmo entender a natureza do crime e não há ninguém com quem possa dialogar ou tentar qualquer comunicação por mais básica que seja. Cicinnatus C. espera o cumprimento da sentença, temeroso, ansioso, ninguém quer lhe informar a data marcada para a decapitação, os personagens que o cercam são surreais e ele prefere passar seu tempo, o que lhe resta, a ler e a escrever. A parte do escrever é bastante interessante e já ia me esquecendo dela, (faz meses que terminei a leitura e não arrumava coragem para as anotações). Sempre que vai começar a anotar alguma coisa o personagem se pergunta se realmente vale a pena, dali a dois minutos podiam vir buscá-lo para a execução e de nada adiantaria ter começado. E não buscavam, então ele pensava, ‘bem que eu podia ter começado a escrever’.
É um desses livros que a gente não consegue largar, mas é bastante difícil falar dele, por isso adiei tanto. Sei lá, acho que é uma história para ser lida mesmo ou é incompetência minha. Tem livros assim que adoro, mas que na hora de comentar não sai muita coisa. Um deles, por exemplo, é Mrs Dalloway.
Vou mudar radicalmente de viés e vou dizer como foi o meu primeiro contato com este Invitation to a beheading. Isso é curioso, isto é, os caminhos que nos levam aos livros. Neste caso (e em muitos) é outro livro, Reading Lolita em Tehran, a autora, uma professora de literatura, fala deste Nabokov desde a primeira página do seu livro e volta a ele muitas e muitas vezes, eu, claro, fui ficando muito curiosa a respeito e o li na primeira oportunidade. Uma das citações que me deixou muito intrigada pela bizarrice da cena é a que diz que o prisioneiro tinha o direito de dançar com o guarda da prisão desde que o guarda consentisse. E eles dançam.
3 comentários:
Leila, obrigado pelas palavras. Eu, sempre que posso, dou uma passada por aqui, adoro os seus textos. Espero que se divirta com as insanidades dos meus. Abraço. Marco
'LOlita' é delicioso, li um outro dele que não gostei, mas não lembro o nome, era sobre um cara mto decadente. Ou não seria dele?
minha memória me trai às vezes.
bj Laura
Fiquei curiosa. Certamente haverão de lançar por aqui.
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