Difícil falar de 'Escritores Belgas'. Não é uma desculpa, é assim mesmo. Primeiro é preciso dividi-los em dois grupos: os escritores belgas francófonos e os escritores belgas neerlandófonos. Cada grupo linguístico possui sua própria literatura. Da segunda, os neerlandófonos, ou seja, os flamengos, não conheço quase nada.
Escritores belgas francófonos:
O escritor belga francófono mais célebre no mundo é Simenon (1903-1989), o criador do inspetor Maigret. Georges Simenon nasceu em Liège e começou cedo a publicar, com apenas dezessete anos. Foi um escritor extremamente produtivo, dizem que em 15 dias ele era capaz de escrever uma novela. Claro, era considerado pela crítica um escritor menor, um sucesso comercial. É verdade que boa parte da sua obra foi escrita com o intuito de fazer dinheiro, mas nem toda e o escritor vem sendo reconceituado agora. Viveu em diferentes lugares, Liège, Paris e em alguma cidade da Suíça, muitas de suas obras foram adaptadas para o cinema.
Simenon tem uma biografia das mais conturbadas, quem se interessar em saber mais sobre assunto pode conferir (em português) aqui e aqui. Simenon já foi acusado, inclusive por alguém da própria família, de ter colaborado com os alemães durante a Segunda Guerra. Não sei se isso tem fundamento ou não, tenho amigos de Liège mesmo que levam isso a sério e detestam a pessoa Simenon. Não é para desculpá-lo, evidentemente, mas não terá sido o único escritor a fazê-lo. O escritor francês Louis-Ferdinand Céline tem um passado muito mais sujo, era abertamente anti-semita e colaborou com os nazistas ou ainda o escritor americano Ezra Pound. É duro para quem gosta tanto de literatura aceitar que escritores brilhantes como Céline, Ezra Pound e outros tenham tomado essas posições, mas c´est la vie!
Opinião de outro escritor:
“Ele é o maior de todos… o mais verdadeiro romancista que tivemos na literatura.”
André Gide.
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Vou escrever outro post sobre os escritores belgas francófonos para que este não fique muito longo e chato e depois vou falar o que puder sobre os escritores flamengos que conheço tão pouco.
8 comentários:
Li tudo sobre as cervejas... e pretendo acompanhar os posts sobre os escritores também.
Beijos
Oi, Leila,
Voltei! Vou tratar de ver esse filme que você recomenda. E vou lendo os posts perdidos aos pouquinhos.
Bjs
M
Li muito Simenon quando era adolescente. Confesso não ter grande atração por ele hoje, apesar de reconhecer suas qualidades. E me recordo de uma frase de Pound no "ABC da literatura": "O mau crítico se revela quando critica o escritor e não a obra.", ou algo assim. Sempre achei que era uma bandeira branca aos que o acusavam politicamente.
Simenon tem moral. Hitchcock espera ele terminar seus intensos e numerosos escritos para ver se seus roteiros eram de qualidade no mínimo aceitável! hehehe
oi Leiloca.
Gosto qdo vc faz esse tipo de texto"de viagens" Vc tem sempre um novo olhar sobre o deja vu. Li muito Simenon e n so os policiais. Gosto dele, faz uma boa literatura de entretenimento e vc sabe que sou fã disso
bj
Jurava que era francês ! Liniane
(Un texte peu connu de Louis-Ferdinand Céline)
MISANTHROPE
Les autres m'indisposent.
Je ne souffre pas la proximité de mon prochain. J'abhorre ce qui ne me ressemble pas, celui qui ne porte pas le même chapeau que moi, ceux qui ne mangent pas le foin servit dans mon écurie, l'humanité qui ne boit pas à la fontaine sise dans mon petit verger, et en définitive n'aime que moi-même.
Répondre "Bonjour" à un autre "Bonjour" étant pour moi un authentique supplice matinal, on me traite de mal élevé sous prétexte que je rends la politesse sous forme de hautain silence précédé d'un ou deux puissants crachats en direction de mes agresseurs. Incompris de tous, j'ai fini par adopter le port de gants roses et de dentelles blanches autour du cou accompagnés d'une discrète arrogance au bord des lèvres. J'ai remarqué que cela faisait médire encore plus, avivait des passions funestes à mon endroit...
Aux foules agitées qui me cherchent des noises avec leurs incompréhensibles allées et venues, aux passants pressés qui me frôlent dans la rue comme si je n'existais pas et dont les visages méconnus ne m'inspirent que méfiance, haine, dégoût, je préfère la douce, calme compagnie des tombes. Elles au moins me foutent la paix. Je fuis tout ce qui s'apparente à un bipède en mouvement. Je me venge des vivants en allant régulièrement narguer les morts dans les cimetières.
Lors de mes visites aux hôtes bien éduqués des nécropoles, qui pas une fois n'ont eu l'outrecuidance de m'importuner, je puis cracher sans entrave sur tous les Dupont que je croise. Décalcifiés depuis des lustres, débarrassés de tout orgueil mal placé, couverts de dalles, de stèles et de terre grasse, eux ne trouvent rien à redire à mes jets de salive.
J'en ai conclu que dans ce monde les hommes les plus fréquentables sont ceux qui se trouvent à six pieds sous mes semelles.
Louis-Ferdinand Céline
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