BOM-DIA, CÃO
Avisto na rua um cão
Digo-lhe: como vais, cão?
Pensa que me responde?
Não? Pois bem, mas ele responde-me
E isso não é da sua conta
Agora quando se vêem pessoas
Que passam sem sequer reparar nos cães
Sentimos vergonha pelos seus pais
E pelos pais dos seus pais
Porque uma tão má educação
É coisa que requer pelo menos... e não estou a ser generoso
Três gerações, com uma sífilis hereditária
Mas, para não vexar ninguém, devo acrescentar
Que um número considerável de cães não falam com muita freqüência
Boris VIAN (1920-1959)
...
Bonjour, chien
J'avise un chien dans la rue
Je lui dis: comment vas-tu, chien ?
Croyez-vous qu'il me répondrait ? Non ?
Eh bien il me répond quand même
Et ça ne vous regarde pas
Alors quand on voit des gens
Qui passent sans même remarquer les chiens
On a honte pour leurs parents
Et pour les parents de leurs parents
Parce qu'une si mauvaise éducation
Ça demande au moins...et je ne suis pas généreux
Trois générations, avec une syphilis héréditaire
Mais j'ajoute pour ne vexer personne
Que bon nombre de chiens ne parlent pas souvent.
Boris VIAN (1920-1959)
2 comentários:
Talvez seja pelo que diz o poema que dizemos: quem chuta o cão ofende o dono! Abraços.
Ótimo! Não conhecia este poema de Boris Vian o "performático" autor.
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