quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Um artista do mundo flutuante

Kazuo Ishiguro nasceu no Japão, Nagasaki, em 1954, em 1960 a família se mudou para a Inglaterra. Ele é o autor de Vestígio do dia, suponho que seja seu livro mais conhecido pois deu origem ao filme com Anthony Hopkins, Emma Thompson. Um belo filme, por sinal, quando o vi não conhecia nada do autor do livro, não imaginava que fosse alguém de origem japonesa.

Em Um artista do mundo flutuante o tema é o país natal de Kazuo Ishiguro, os dilemas do país logo após a segunda guerra, a influência ocidental, ou americanização. O Japão saía de um nacionalismo radical, impossível evitar o conflito de gerações. Os mais jovens culpam os mais velhos por tudo o que tiveram que passar, sentem-se enganados. O artista, no caso, é um pintor famoso que acreditou e apoio a onda nacionalista. Alguns japoneses de sua geração encontraram no suicídio uma forma de reparar o engano, Masuji Ono, o velho pintor, prefere viver e rever os seus conceitos. Muita dessa análise é feita através do convívio com o neto de oito anos, por causa da sinceridade própria das crianças, ele faz as perguntas de forma direta, conta o que ouviu em casa, quer saber a razão das coisas, por exemplo, se o avô tinha sido um pintor famoso onde estão agora as suas pinturas? Algumas influências dos americanos também são vistas através do neto. Um dia ele está brincando de Zorro e o avô não entende nada, finalmente a mãe explica que o seu marido pensa que o herói ocidental pode ser uma melhor influência para as crianças japonesas do que Musashi. Acho que isso ilustra bem o início e a importância dessa transformação.

A expressão Mundo flutuante parece ser bastante comum na língua japonesa, designa as ‘coisas impermanentes’, efêmeras. Não sei muito mais sobre ela, talvez a importância seja bem maior que isso, há um estilo de gravura Ukiyo-e que também está relacionado a esta palavra. Se alguém souber mais me ensine, pois achei interessante.

3 comentários:

Unknown disse...

Pois é Leila, estou de novo em uberlândia, dando aulas de inglês na cultura inglesa e tenho vários alunos particulares de francês o q é muito bom pra não perder o contato com a lingua.
Não sei se ainda está com o mesmo e-mail, mas te mandei o meu numa outra postagem.
um abraço

Vasconcelos disse...

Estava eu vendo um anime, quando me lembrei que há anos tinha lido meu único romance de um autor japonês. Na biblioteca da universidade onde estudei. Nem me lembrava do título traduzido. Digitei "artista flutuante" e cai aqui. HEHEHE
No prórprio livro o Mestre (o segundo) de Ono explica o significado de mundo flutuando, lembro disso, se referindo a essas sensações transitórias sentidas na vida. Vou tentar ler de novo o livro.

MCristina disse...

Bom dia, Leila!

Ontem, 29 jul 2011, vi este post no blog do IMS:

http://blogdoims.uol.com.br/ims/um-mundo-flutuante-conversa-com-madalena-hashimoto/

Fala justamente das estampas ukiyo-e e tem bastante a ver, acho, com o livro do Kazuo Ishiguro.

Espero que vc goste.

Um abraço!