quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Se um viajante numa noite de inverno

Acabei de ler este livro durante minha viagem para Minas. Esta leitura foi m u i t o recomendada, não peguei o livro por acaso. Na verdade fui à FNAC com um vale-presente (é esse o nome?) oferecido por nosso hóspede americano. Ele queria me oferecer, além dos livros, 'as horas de escolha'. É claro que é bom receber o livro em si de presente, mas essa idéia do vale presente não me desagradou.
Eu estava procurando outro livro de ìtalo Calvino, As Cidades Invisíveis, igualmente recomendando. Por incrível que pareça não o encontrei no meio daquele mundo de livros da FNAC. A atendente olhou lá no sistema e disse que tinha UM na livraria, mas não estava no lugar, podia estar em qualquer canto da loja. E aí eu encontrei Se um viajante....e fui embora com ele. Ele e alguns outros.
Eu até queria falar um pouco do livro, enquanto ainda está fresco na minha cabeça, mas estou morrendo de cansaço. Vou tentar outro dia.
Passou por aqui esta semana uma canadense muito simpática e muito animada. Animada para beber e para conversar. Saímos numa plena terça-feira, depois de uma viagem, mais de um dia de trabalho, ela ainda encontrou ânimo para contar histórias da vida dela e da família....e que família, 7 irmãos e 6 irmãs. Não é o primeiro canadense que eu conheço com uma família tão numerosa.
Dentre as muitas coisas que ela contou, eu me lembro, acho que isso me chocou um pouco, da história de um irmão que se suicidou por volta dos 30 anos, ela tinha 14 na época, mas essa diferença não impedia que o irmão se abrisse com ela. Disse que ele era muito infeliz, não conseguia se adaptar ao mundo, só se sentia bem em contato com a natureza. Ela disse que ele era tão infeliz que ela, apesar da angústia e de ter sofrido com a morte dele, não podia deixar de achar que ele tinha feito a coisa certa. E disse que aprendeu com o irmão esta lição, ou você é feliz ou toma uma atitude. Talvez ela já tivesse tomado vinho demais quando emitiu essa opinião...não sei. Talvez existam vários graus de inadaptação a este mundo, eu me sinto frequentemente uma 'inadaptada' e acho essa conversa de 'felicidade' um papo furado. Alegria sim, mas felicidade eu não entendo bem o que seja. Como eu posso ser feliz num mundo destes? Só sendo completamente egoísta. Sei que é uma lógica muito pessoal, mas...Será que devo fazer um haraquiri? Ou tomar um daiquiri? Já divaguei demais...é o cansaço.
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6 comentários:

Anônimo disse...

Já li diversos livros do Calvino, mas este ainda não. Vou procurá-lo por aqui. Um livro dele que me agrada muito é o Cavaleiro Invisível, provavelmente um dos melhores livros "fabulosos" que li até hoje.

Polly Etienne disse...

Minha lista de livros que vc indica esta crescendo, crescendo, rs...

Sonia Sant'Anna disse...

Li o "Viajante" pela primeira vez há uns bons 20 anos. É uma adorável brincadeira (o termo "brincadeira" não exclui boa literatura), um labirinto em que histórias se entrecruzam, tendo por personagem principal um "Leitor" logo coadjuvado pela "Leitora". Há também o "Tradutor", o "Editor", e, a certa altura, um capítulo em que atuam "um Autor Produtivo" e "um Autor Atormentado", que reproduzi há muito tempo em meu blog. Trata-se o tempo todo de um jogo fascinante, impossível de resumir, e que em alguns trechos me fez dar gargalhadas sozinha em minha sala. Tentei outro Calvino, "Cidades invisíveis", mas não gostei.

Alexandre Kovacs disse...

Tive a mesma impressão da Sonia, ou seja, adorei "Se um Viajante.." e detestei "Cidades Invisíveis". No primeiro livro Italo Calvino conseguiu a façanha de desenvolver uma narrativa de caráter experimental, mas que nem por isso é menos empolgante para o leitor. Afinal, não é uma grande idéia um romance no qual o personagem principal é o próprio leitor? Imperdível!

Anônimo disse...

"Se um Viajante..." foi o único livro de Calvino que li até hoje — recomendado pela Sonia. Gostei muito dele e da profusão de possibilidades que o autor, intencionalmente, quase explora. Como disse a Sonia, trata-se de uma brincadeira, uma deliciosa brincadeira (pelo menos para mim o foi).
Quanto à adaptabilidade... cada qual deve experimentá-la em diferentes graus — eu a experimento com mais freqüência do que desejaria, e nem sempre consigo me encaixar onde querem que eu me encaixe. Concordo com você sobre alegria e felicidade — e não acredito que "SER FELIZ" seja necessariamente uma condição para se viver bem.
Bom descanso!
Abraço.

Anônimo disse...

CAlvino sempre , o grande mestre!