higher than a kite can fly.”
The Kingston Trio
Às vezes tenho que esforçar-me para lembrar de quem eu era. Tudo aparece confuso e cinza. Tantos clichês nos rodeiam. Quem era eu, quem fui, quem sou? Até aí. Não falo de outras vidas, dear baby, que essa já me basta. O tempo urge, cuidemos. Cuidemos desta que aqui está, efêmera e imperfeita.
Que mais? Ah, teve um ser chamado nietzsche que decretou que Deus está morto. Poupou-me trabalho, mas não me disse quem Eu sou.
A espera sábia pode ser de rara beleza, mas você não acredita nisso. No meu armário tenho várias máscaras que confeccionei em papel maché. Cada uma mais bonita que a outra, dependendo do ângulo. Essa que porto agora é de cor invulgar. Percebeu? Levou anos para estar assim, com esta máscara tenho tantas habilidades, você nem imagina. Sei saltar de um século para o outro, já já lhe mostro. Tenho também uma toda branca, elegante e assustadora, de impossível decifração.
Um personagem simples, como tantos outros, que transita de dia pela cidade e de noite pela via-láctea. Um personagem bêbado de lucidez…Um personagem eu. Para montar, desmonto.
The Kingston Trio
Às vezes tenho que esforçar-me para lembrar de quem eu era. Tudo aparece confuso e cinza. Tantos clichês nos rodeiam. Quem era eu, quem fui, quem sou? Até aí. Não falo de outras vidas, dear baby, que essa já me basta. O tempo urge, cuidemos. Cuidemos desta que aqui está, efêmera e imperfeita.
Que mais? Ah, teve um ser chamado nietzsche que decretou que Deus está morto. Poupou-me trabalho, mas não me disse quem Eu sou.
A espera sábia pode ser de rara beleza, mas você não acredita nisso. No meu armário tenho várias máscaras que confeccionei em papel maché. Cada uma mais bonita que a outra, dependendo do ângulo. Essa que porto agora é de cor invulgar. Percebeu? Levou anos para estar assim, com esta máscara tenho tantas habilidades, você nem imagina. Sei saltar de um século para o outro, já já lhe mostro. Tenho também uma toda branca, elegante e assustadora, de impossível decifração.
Um personagem simples, como tantos outros, que transita de dia pela cidade e de noite pela via-láctea. Um personagem bêbado de lucidez…Um personagem eu. Para montar, desmonto.
Qual o salário de um poeta? Perguntou-me aquela criança de bochechas vermelhas e olhar acastanhado. Salário vem de sal, meu bebê. E no suor também há sal. Alguns transitam tão à vontade pelo mundo, como se todas as coisas lhes pertencessem. É obsceno. Claro que sei saltar de um século para outro, mas você precisa sempre de todas as provas, vá à biblioteca, às três, e eu lhe mostrarei.
Agora, com licença. Tempo de recolher.
Agora, com licença. Tempo de recolher.
Leila Silva
8 comentários:
Texto lindo Leila.
Abraço,
Quando eu crescer, quero escrever assim.
Afina, quem é você? :)
ora k belo texto...Olha, se puderes passa lá por casa amanhã. Bom f.s. Bjs e;)
bravo, Leila. uma perfeição de texto.
beijo daqui.
Muito bom, Leila. Mostrou-me que já faz um bom tempo que eu não olho para dentro de mim mesmo.
Abraços
Belo texto, Leila, e faz pensar.
Gostei, Leiloca.
bjs
Leila querida,
que saudade de ler você. de visitá-la. estive tão ocupada que mal cuidei do meu blog. mas, agora, que dei cabo de meus compromissos mais urgentes, posso voltar com calma.
o texto é belíssimo. cheio de imagens suaves, a despeito da fortaleza de seu conteúdo.
amei!
beijo.
mariza
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