
[Deixando um pouco de lado os assuntos belgas e meus mini-contos para falar de um assunto holandês, africano e mundial]
Ayaan Hirsi Ali é a somaliana naturalizada holandesa que trabalhava com Theo Van Gogh (sobrinho do outro) quando ele foi assassinado em novembro 2004 por um muçulmano extremista. Eles fizeram juntos um documentário, submission, que mostrava a degradação, os maus tratos infligidos a muitas mulheres muçulmanas. Quase todo mundo já ouviu falar disso, se não me engano, até mesmo a revista Veja entrevistou essa moça. Junto com o corpo de Theo Van Gogh encontraram um bilhete dizendo que Ayaan Hirsi Ali seria a próxima.
Ayaan Hirsi Ali foi vítima da excisão aos cinco anos de idade, viveu em diferentes países fugindo dos problemas políticos da Somália. Pediu asilo à Holanda alegando estar fugindo de um casamento forçado pela família, estudou, em poucos anos obteve o título de doutora em ciências políticas, aprendeu línguas estrangeiras, apaixonou-se por cinema, foi extremamente ativa na defesa das mulheres e tornou-se deputada no país que a acolheu. As chances, segundo Mohamed Haddad, de uma mulher nas condições dela ‘aceder a uma vida digna são as mesmas são as mesmas chances de o leitor deste artigo ganhar na loto’.
E agora, o que está acontecendo e que eu ainda não consegui entender, é que Ayaan Hirsi Ali perdeu, ou pode perder, a nacionalidade holandesa por causa de alguma falha no seu processo de naturalização, algumas ‘mentiras’ que ela teria dito para poder obtê-la, isto é crime. Uma ministra holandesa deu origem a um processo, não sei quais seriam os interesses dessa senhora. Pior ainda é que não há muitos países europeus dispostos a acolhê-la pois com essa fatwa nas costas ela tornou-se um problema, um problema caro, assim como era o escritor Salman Rushdie há alguns anos.
Bem, a moça não é santa, mas eu acho triste tudo isso e diz Mohamed Haddad que os sites e jornais árabes estão nadando de braçadas, adorando a desgraça dela e fazendo tudo o que podem para sujar seu nome. Por uma ironia do destino, ou qualquer coisa do gênero, ela deve ser acolhida pelos Estados Unidos...ou já foi, estou lendo jornais atrasados aqui. Boa propaganda para os Estados Unidos e boa lição para os outros.
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Querelle de Jean Genet no Rosebud livros, por Wagner Campelo.







Este foi o filme do fim de semana, em DVD mesmo. O título original é The Ballad of Jack and Rose (2005), os personagens principais são Jack Slavin (Daniel Day-Lewis) e sua filha, Rose (Camilla Belle) de 16 anos. Pai e filha vivem numa comunidade, ou melhor, no momento em que se passa o filme, 1986, já vivem sós, todos já tinham abandonado o sonho utópico de viver daquele modo. Jack é teimoso, continua insistindo. Ele e Rose, às vezes parecem dois bichos do mato, sobretudo ela que foi criada realmente à parte, nesta ilha da costa leste dos Estados Unidos. 

Essas aqui, coitadas, estavam na hora errada no lugar errado, tiveram que pedir ajuda da polícia para sair do inferninho.