quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Moi


Vou aproveitar que alguém, a Tati, fez umas perguntas sobre mim aí nos últimos comentários e, quem sabe, até não economizo algumas horas do analista.

Vamos ver, sim sou professora de francês, por sorte na minha própria escola, em Curitiba. Sou professora e coordenadora do curso. Estudei Letras (português-francês) long...longtime ago. Vivi em Bruxelas durante vários anos e lá eu ensinava português, seria muita ousadia ensinar francês para francófonos, fiz também muitos trabalhos de tradução o que, na época, eu adorava porque podia trabalhar em casa, de pijama, trabalho perfeito para o inverno. Trabalho ainda com tradução, às vezes, mas não sou tradutora juramentada e aqui no Brasil eu acho meio chato porque é muito comum as pessoas reclamarem do preço, eu odeio discutir preço como cliente ou oferecendo serviços. Muita gente aqui tem dificuldade em entender o trabalho de tradução, é um trabalho difícil, requer muitas horas, não basta saber a língua (as duas línguas, no caso) e ir passando de uma para a outra, é preciso pesquisar (ninguém domina todos os assuntos, nem mesmo na língua materna), é preciso revisar, é preciso tempo, as pessoas chegam e dizem: 'pra ontem', na maior cara de pau. Em Bruxelas nunca ninguém discutiu o valor de uma tradução comigo. Essa é a minha experiência, talvez outras pessoas tenham outra por conhecer melhor o meio aqui, as pessoas que vivem exclusivamente de tradução, por exemplo. Eu não conheço, só conheço as pessoas que telefonam na escola ou que passam por aqui.

Trabalho só com adultos, já trabalhei, antes de morar fora do Brasil, com preparatório para vestibular, escolas estaduais e particulares, centros de línguas de universidade e universidade. Comecei a trabalhar cedo, por isso a vasta experiência, ok?

Enfim, é isso, mantenho este blog, bem ou mal, há uns cinco anos e são quase sempre as mesmas pessoas que me acompanham, por incrível que pareça. Eu não verifico (já fiz isso, mas não faço mais)contador, não sei quantas pessoas entram aqui por dia ou como chegaram aqui, algumas poucas deixam comentários, de vez em quando alguém me escreve. O blog é assim paradinho, mas já me rendeu bons encontros, boas amizades, às vezes tenho vontade de parar, preguiça mesmo, mas aí lembro dessas coisas, das pessoas que já encontrei (encontrei mesmo, no mundo real) por causa dele ou mesmo as que nunca encontrei, mas com quem mantenho bom relacionamento virtual. E ainda o nlog me oferece essa possibilidade de desabafar de vez em quando, já perceberam, não? Dá para reclamar da vida, do tempo, da tpm, o máximo que vai acontecer é a pessoa sair do blog rapidinho pensando 'ô coisa chata!' ou deixar um comentário desaforado que, se eu quiser, posso apagar depois. Voilà!

E aproveito para agradecer a paciência de todos neste tempo...na verdade, pensando bem, são mais de cinco anos.

That's all folks!

...
"A melhor demonstração de como Caetano (não) leu o antropólogo não aparece em sua resenha (ele já o tinha citado - mais ou menos como Gil citou a física quântica - em uma de suas letras). A prova de que Caetano, se leu, não entendeu nada de Levi-Strauss não é sua entrevista, embora patética. É sua declaração sobre a gramática de Lula."

Leia o artigo na íntegra aqui, Da Arte de Chutar.

7 comentários:

Laura_Diz disse...

Eu adoro qd vc fala de vc, já sabe. E vim pq vi q esteve no Caminhar- eu vejo às vezes lá- para não ser injusta c os leitores. Ando c preguiça de ler blogs-ando cansada tb- mt coisa p fazer na casa- e ahora mi madre está aca. :) Ulalá- mas vai ser bom resgatar o laço puído.
bjs e não pare o blog, svp.
Laura

Polly Etienne disse...

Ah Leila, eu acho muuuuuuuuuito chato quando alguém fala que o que a gente faz é caro. Eu faço uns trabalhinhos manuais, adoro, e nunca divulguei no meu blog nem pros meus conhecidos porque eu tenho CERTEZA que vou ouvir que é caro...aqui ninguém reclama, portanto, mantenho minhas cosinhas num site americano e vendo worldwide ou pras pessoas aqui na AU. Acho que eu já sabia a maior parte do que escreveu sobre vc:)
bjs

Tati disse...

parece ser uma vida tão gostosa, Leila!
Tenho vontade de ser professora, sempre admirei essa profissão e de frances, melhor ainda!

Não conheço a Bélgica mas tenho vontade de ir lá algum dia, comer biscoitos e chocolates! : )

Sonia Sant'Anna disse...

Ah, Leila, até que enfim alguém fala a favor dos pobres tradutores. É isso mesmo - pensam que basta saber as duas línguas e pronto. Esquecem-se, além de tudo que você já mencionou, que é preciso saber redigir, não basta transpor o que foi dito no original, mas tentar, o melhor que for possível, reproduzir o estilo do autor do original. E é sempre pra ontem, e mal pago - depois ninguém entende porque a maioria das taduções vem cheia de falhas. Mal se tem tempo de fazer uma revisão por alto.

Dani disse...

A Leila é "a" professora de francês !! \o/

Anônimo disse...

Houve mudanças significativas em seu Cadernos da Bélgica que tenho o prazer de acompanhar desde o início.
Uma delas é que deixou de ser um relato das experiências vividas e observadas de brasileiros na Bélgica, o que é natural, pois você deixou de morar em Bruxelas, passando por Singapura e EUA antes do retorno ao Brasil.
Outra mudança significativa é que uma postagem como esta seria inimaginável nos primórdios de Cadernos da Bélgica, pois seus relatos eram literários e impessoais. Não eram frios, apenas você mantinha discrição, talvez excessiva, não citava nomes de pessoas nem fatos objetivos de sua vida.
Você mantém a essência de Cadernos da Bélgica, sempre que o leio sinto o prazer de mergulhar em universo poético, pois há um toque de poesia em tudo que você faz.
A propósito, fica o registro: você foi uma das melhores coisas que o mundo virtual trouxe à minha vida real.
Manoel Carlos

Barros (RBA) disse...

Oi Leila,
Bacana o que você escreveu. Bem pessoal, mas ao mesmo tempo profissional.
Concordo plenamente com respeito à tradução, é um trabalho extremamente difícil e pouco valorizado. Já fiz algumas do inglês, mas de textos técnicos de engenharia e pude perceber o grau de dificuldade.
Abraços