quinta-feira, 31 de dezembro de 2009


Feliz ano novo!
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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Leituras


Melhores e piores leituras de 2009


Melhores


Romances:

  • Os Irmãos Karamazov - Dostoiévski
  • Le désert des Tartares - Dino Buzzati
  • Everyman – P. Roth
  • La pluie d’été – Marguerite Duras
  • Le Pigeon - P. Suskind
  • Les Mandarins – Simone de Beauvoir
  • O Castelo dos Destinos cruzados – Ítalo Calvino


Ensaios :

  • Comment parler des livres que l'on n'a pas lus - Pierre Bayard
  • Down and Out in Paris and London - George Orwell

Memórias:

  • The Glass Castle - Jeannette Walls


Piores:

  • Travesuras de la Niña Mala - M. V. Llosa
  • Antéchrista – Amelie Nothomb

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Todos estes livros eu li pela primeira vez, não vou considerar as releituras, se reli é porque o livro representava bastante para mim, evid

entemente.

Os Irmãos Karamazov eu deveria ter lido há muitos anos, deveria estar relendo agora, mas assim é a vida...e antes tarde do que nunca. Eu o coloquei no topo da minha lista porque acho que foi mesmo o livro mais importante deste ano. O resto foi difícil selecionar, a partir do segundo a ordem não quer dizer muito.

Le Désert des Tartares (o deserto dos Tártaros) é um livro maravilhoso que eu começaria a reler agora mesmo se a edição que tenho aqui não fosse tão ruim, quer dizer, é um livro de bolso que devo ter comprado em algum sebo (honestamente não sei de onde ele vem, talvez alguém tenha me repassado), a fonte dele é minúscula (e eu muito míope e outras coisas mais), sofri muito para chegar ao final, mas valeu a pena. Não sei se cheguei a comentar essa leitura aqui no blog. Enfim, não vou comentar os livros em si (talvez em outro momento) porque isso significaria muito tempo, ir lá procurar os livros, folhear, correr o risco de começar a ler e...lá se foi o post, nunca mais termino.

Everyman eu li há poucas semanas, até hoje não me arrependi de nenhum p. Roth e esse foi um dos melhores dele que eu li. Triste, triste, triste. Good good good.

La pluie d’été é um livro impressionante que eu comentei aqui, Marguerite Duras é outra escritora que nunca me desapontou.


Les Mandarins estava há tempos nos meus projetos de leitura e estou contente de finalmente ter cumprido a missão. Não vou dizer que estou morrendo de vontade de reler o livro, mas foi importante para mim, até mesmo profissionalmente (well, não sei quantos alunos de francês estariam interessados na leitura dos seus professores, talvez seja ilusão minha). Este também eu comentei aqui.


Le Pigeon eu considero uma descoberta. É um livro bem pequeno, uma centena de páginas, é do mesmo autor de O Perfume, mas bem melhor, se ainda me lembro de alguma coisa deste último. Eu considero uma descoberta porque o comprei por puro acaso num sebo em Bruxelas em julho deste ano, não tinha a mínima idéia do que podia ser, não conhecia nada do Süskind além de O Perfume.

O Castelo dos destinos cruzados. Já preciso reler, infelizmente não deixei nada anotado sobre ele, achei uma leitura difícil, mas muito agradável ao mesmo tempo.

Down and out in Paris and London eu comentei aqui.

Comment parler des livres que l'on n'a pas lus. Não comentei esta leitura aqui? Como não? Preciso fazê-lo urgente. Este eu ganhei de presente da minha irmã e ele já está separado para reler, quer dizer, ele nem saiu de perto da minha cama. Não se deixem iludir pelo título deste livro: Como falar dos livros que não lemos, na verdade é um livro para leitores, é um livro sobre livros, sobre a maneira como nos relacionamos com eles e como relacionamos – ou deveríamos – um livro a outro e sobre a pergunta ‘O que é ler?’ Ler é mais do que passar os olhos sobre as páginas de um livro, não é mesmo?

The Glass Castle foi um livro que veio parar meio por acaso na minha estante (minhas visitas from USA). Eu não estava pensando em ler até que me deparei com um comentário no blog Caminhar e gostei muito no final das contas. É um livro de memórias de uma família muito atípica. Pelo jeito eu não comentei a leitura aqui, mas é só ir lá no Caminhar. Infelizmente tive pouco tempo este ano, tinha que escolher entre continuar lendo e comentar.

Travesuras de la Niña Mala foi a minha grande decepção, achei de uma chatice torrencial, nem sei porque fui até o final. Comentei aqui.

Antéchrista é bem chatinho também, mas não me aborreceu tanto quanto o Travesuras porque é bem curtinho, li numa noite na Bélgica, fui dormir na casa do meu cunhado e me esqueci de levar um livro, havia uns 3 no criado mudo e eu escolhi este porque conheço bem a autora e porque eu conseguiria terminar a leitura senão naquela noite, pela manhã.

Felizmente são só dois na lista dos piores, é claro que há muitos ‘mais ou menos’, mas não é necessário listar. Tenho certeza que devo ter esquecido algum livro de contos, afinal adoro contos e não estou conseguindo me lembrar de nenhum para a lista. Esse é o meu balanço das leituras deste ano que termina dentro de 3 dias. Espero ter mais tempo para ler e para comentar em 2010.

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Nas fotos:Dostoiévski, Marguerite Duras.,Simone de Beauvoir.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O Poema da sexta-feira

Tecendo a Manhã


1


Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.


2


E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.

João Cabral de Melo Neto

(A Educação pela Pedra)

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009


FELIZ NATAL!
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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

o poema da sexta-feira

Os Instantes Superiores da Alma

Os instantes Superiores da Alma
Acontecem-lhe - na solidão -
Quando o amigo - e a ocasião Terrena
Se retiram para muito longe -

Ou quando - Ela Própria - subiu
A um plano tão alto
Para Reconhecer menos
Do que a sua Omnipotência -

Essa Abolição Mortal
É rara - mas tão bela
Como Aparição - sujeita
A um Ar Absoluto -

Revelação da Eternidade
Aos seus favoritos - bem poucos -
A Gigantesca substância
Da Imortalidade

Emily Dickinson, in "Poemas e Cartas"
Tradução de Nuno Júdice

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Escola pública de SP joga no lixo e queima dezenas de livros

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"Uma escola estadual de Bauru, a 323 km de São Paulo, jogou livros no lixo e colocou fogo, incluindo alguns clássicos. A ação foi descoberta pelo fotógrafo João Roberto Alcará, na manhã de quarta-feira diante da Escola Estadual Ernesto Monte."

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Continua aqui: O Globo.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

o poema da sexta-feira

Das cerejeiras em flor

ao pinheiro de dois troncos:

três meses


Basho

domingo, 6 de dezembro de 2009

Dimanche

Domingo tranquilo, quase tranquilo demais, mas eu estava precisando mesmo de um pouco de tranquilidade. Tive dor de cabeça durante os dois últimos dias, sobretudo ontem, doeu muito e não teve remédio que fizesse passar, hoje finalmente estou livre, mas estou cansada e com o couro cabeludo sensível, dor nas costas, essas coisas...só de não ter mais a maldita dor de cabeça já estou feliz. Acordei Poliana hoje (sabe aquele livrinho que a gente lia na adolescência, o da menina que sempre encontrava uma razão para estar feliz?). Enfim, feliz já é demais e acho a palavra um tanto chata, talvez por ser hoje usada à exaustão nas propagandas, nas conversas.

Estou escutando Nina Simone, lendo notícias, tomando café, ninguém em casa hoje e vai ser assim até o fim da tarde. Vou aproveitar para ler um pouco, não tenho lido muito. Essa semana reli uma novela da escritora japonesa Banana Yoshimoto, Hard Luck (a primeira, Hardboiled, não sei se vou reler). Eu já tinha lido o livro em francês há algum tempo, falei dele aqui, o título é Dur Dur. Da mesma autora já li também Kitchen, talvez o mais conhecido dela.

Essa semana vou ver dar uma olhada na minha lista e ver qual foi o pior livro que li este ano, acho que o prêmio vai mesmo para o Vargas Llosa.

sábado, 5 de dezembro de 2009

NZ Book Council - Going West


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Muito bonita essa animação feita para a promoção do livro Going West.

BLOG CENSURADO

Acabo de ler, no blog Arlesophia, esta notícia no mínimo muito estranha:

"Acabo de ser notificado extrajudicialmente por escritório de advocacia representando a Folha para que retirasse os selos da campanha #CancelandoFOLHA #CancelandoUOL, sob pena de processo por suposto uso indevido das marcas. Sendo assim, retirei imediatamente os referidos selos.

No momento não poderei desenvolver um post explicando melhor o caso, mas deixo aqui meu protesto por mais este ato de censura contra blogs.

Atualização (05/12/2009 às 00:37h)"


Veja mais no Vi o Mundo

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O que a depressão pode nos dizer sobre o mundo em que vivemos?

Eu gostei muito deste artigo que encontrei no CAMINHAR e estou com muita vontade de ler o livro em questão. Acho que vou colocá-lo na lista do papai Noel.

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O depressivo na contramão

O que a depressão pode nos dizer sobre o mundo em que vivemos?
Eliane Brum
 Reprodução
ELIANE BRUM
ebrum@edglobo.com.br
Repórter especial de ÉPOCA, integra a equipe da revista desde 2000. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de Jornalismo. É autora de A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo)


Em seu último livro, O Tempo e o Cão – a atualidade das depressões (Boitempo, 2009), a psicanalista Maria Rita Kehl nos provoca com uma hipótese sobre a qual vale a pena pensar: a depressão, que vem se tornando uma epidemia mundial desde os anos 70, pode ser a versão contemporânea do mal-estar na civilização. Ela teria algo a dizer sobre a forma como estamos vivendo e sobre os valores da nossa época. Para além da patologia, a depressão pode ser vista também como um sintoma social.

O que nossa época nos exige? Euforia, confiança, velocidade. Temos de ser pró-ativos. O que ela nos promete? Se soubermos traçar nossas metas e construir nossa estratégia, atingiremos o sucesso. Se produzirmos e consumirmos, alcançaremos a felicidade. Ser feliz deixou de ser uma possibilidade esporádica para se tornar uma obrigação permanente. Para nós, seres desta época, nada menos que o gozo pleno. Fora disso, só o fracasso. E o fracasso, este é sempre pessoal. Se não alcançamos o que nos prometeram no final do arco-íris é porque cometemos algum erro no caminho. E fracassar, como sabemos, passou a ser não um fato inerente à vida, mas uma vergonha.

O depressivo, neste contexto, é a voz dissonante. É o cara na contramão atrapalhando o tráfego, como na letra de Chico Buarque. Como diz Maria Rita, é aquele “que desafina o coro dos contentes”. Ela afirma, logo no início do livro: “Analisar as depressões como uma das expressões do sintoma social contemporâneo significa supor que os depressivos constituam, em seu silêncio e em seu recolhimento, um grupo tão ruidoso quanto foram as histéricas no século XIX. A depressão é a expressão do mal-estar que faz água e ameaça afundar a nau dos bem-adaptados ao século da velocidade, da euforia prêt-à-porter, da saúde, do exibicionismo e, como já se tornou chavão, do consumo desenfreado”.

Neste sentido, a mera existência do depressivo aponta, nas palavras da psicanalista, a má notícia que ninguém quer saber. Se basta ser pró-ativo, bem-sucedido e saudável, por que tantos e cada vez mais, como mostram as estatísticas, são classificados como depressivos?

“A depressão”, diz Maria Rita, “é sintoma social porque desfaz, lenta e silenciosamente, a teia de sentidos e de crenças que sustenta e ordena a vida social desta primeira década do século XXI. Por isso mesmo, os depressivos, além de se sentirem na contramão do seu tempo, vêem sua solidão agravar-se em função do desprestígio social da sua tristeza”.

Cada época cria seus proscritos. Na época da euforia e da velocidade, nada mais desafinado do que um depressivo. Se, em vez de hoje, o depressivo, então chamado de melancólico, vivesse no romantismo do final do século XVIII, “estaria tão adequado à cultura e aos valores de sua época quanto um perverso hospedado no castelo do marquês de Sade”.

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Continua aqui: Época

o poema da sexta-feira

Dá meia-noite


Dá meia-noite em céu azul-ferrete
Formosa espádua a lua
Alveja nua,
E voa sobre os templos da cidade.

Nos brancos muros se projetam sombras;
Passeia a sentinela
À noite bela
Opulenta da luz da divindade.

O silêncio respira; almos frescores
Meus cabelos afagam;
Gênis vagam,
De alguma fada no ar andando à caça.

Adormeceu a virgem; dos espíritos
Jaz nos mundos risonhos -
Fora eu os sonhos
Da bela virgem... uma nuvem passa.


Sousândrade