domingo, 27 de junho de 2010

Samedi avec Mon Oncle

Ontem à noite eu estava cansadíssima, no sábado eu trabalho até as 18 horas (pelo menos) e aconteceram umas coisinhas meio chatas, coisas normais de trabalho, ossos do ofício, pequenos desentendimentos que eu logo terei esquecido. Depois do trabalho eu fui a um centro comercial não muito longe, o Angeloni, comprei sorvetes, chocolates, comi ali mesmo uma tapioca e fui à locadora, escolhi dois filmes: Cada um com seu cinema e Depois daquele beijo (Blow-Up), quando cheguei ao balcão a atendente me disse que se eu levasse mais um filme eu teria 'mais um' de graça, eu nunca resisto a esse tipo de oferta, voltei às prateleiras e escolhi: Mon Oncle e Preciosa (Precious). Ainda ontem vi Cada um com seu cinema, confesso que nem prestei muita atenção nos vários filmes, 35 pequenos filmes, se não me engano. Eu me joguei no sofá e escolhi aquele filme como teria talvez escolhido a novela se tivesse tv em casa (digo, os canais), mas mesmo sem prestar atenção gostei de alguns. Vamos ver de quais daqueles eu consigo me lembrar agora (pensando bem acho que vou rever um ou outro), eu me lembro do filme de Youssef Chahine com ele mesmo, fala sobre o ofício do cinema, do seu começo, um jovem ansioso pelo reconhecimeto e termina com a coroação no festival e com o seu conselho aos jovens, algo como 'sejam pacientes, vale a pena'. Ri muito no final do filme do Polanski, Cinema Erótico, é meio bobo, meio piada absurda, mas ainda assim eu gostei. Adorei o curta de um cineasta chinês com uma criançada reunida para ver um filme ao ar livre, muita bagunça, quando o filme começa uma das crianças já está dormido tranquilamente. Termina ali. Gostei ainda do filme de W. Salles, acontece numa cidadezinha do nordeste dois repentistas falam (e cantam) sobre o festival de Cannes, talvez só sobre a cidade, não me lembro bem, começa com os dois olhando para o título do filme num cineminha bem simples, 'Os 400 coups' e perguntando se agora estavam mostrando filmes pornôs ali, suponho que seja por causa da palavra coup que é pronunciada cu...mas eles sabiam disso? E o título do filme de Truffaut em português tampouco é uma mistura de português e francês, no Brasil é Os incompreendidos. De qualquer forma não tem importância, é só uma brincadeira.

Todos os cineastas são conhecidos e reconhecidos, suponho que os filmes (mesmo aqueles que eu não tenha prestado atenção por conta do meu cansaço) sejam todos bons ou tragam algo de interessante. Alguns dos cineastas: Wim Wenders, David Cronenberg, Kiarostami, Nanni Moretti...

Depois tomei um banho, um café e vi (revi) Mon Oncle, adoro o filme, acho engraçado e poético aquele monsieur Hulot todo atrapalhado, o menino entediado numa casa clean demais, com botões demais, regras demais. O garoto tem tudo, conforto, brinquedos, uma casa hiper moderna, enfim, tudo o que é material, mas não tem a liberdade de se sujar um pouco, de estar com outras crianças, a não ser quando esse tio meio amalucado aparece, aí sim, é diversão pura. Diversão que o pai do garoto não vê com bons olhos, acha que o tio tem uma influência nociva sobre o seu filho, a mãe é mais condescendente por se tratar de seu irmão, ao invés de tentar afastar o menino do tio ela vai tentar 'ajeitar' a vida do irmão, organiza uma festa no jardim para apresentá-lo à vizinha que é tão estranha quanto eles, que parece também viver em função da casa e da aparência.
Já fazia anos que eu tinha visto o filme, mas nunca me esqueci das cenas em que a mulher liga a fonte, um enorme peixe no jardim, sempre que uma visita toda a campainha, quando vê que é o irmão, o marido ou um entregador ela desliga rapidamente, ou seja, a fonte não está ali para que eles curtam, mas para ser mostrada.
Depois li um pouco de O Jogador, Dostoiévski e dormi, nem tenho ideia de que horas eram.
E lá se foi meu sábado.
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sábado, 26 de junho de 2010

Foto de Fernando Pinto

Mais fotos lindas de Fernando Pinto aqui.

SARAMAGO

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"Antes da criação do Universo, que se saiba, Deus nada fez. Depois, fez o Universo em seis dias: e nota-se, como diz minha mulher, Pilar. Ao sétimo dia descansou e continua a descansar até hoje."


SARAMAGO, José. "Saramago: Deus é vingativo e má pessoa". In: Correio da Manhã, Lisboa, 21/10/2009.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

o poema da sexta-feira

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Estavas, linda Inês, posta em sossêgo,
Dos teus anos colhendo doce fruto,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito,
Nos saüdosos campos do Mondego,
Dos teus formosos olhos nunca enxuto,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.

(Luís de Camões, Lusíadas, Canto III, 120)

terça-feira, 22 de junho de 2010

Lendo:

Caim
José Saramago.

Trecho:


"Quando o senhor, também conhecido como deus, se apercebeu de que a adão e eva, perfeitos em tudo o que apresentavam à vista, não lhes saía uma palavra da boca nem emitiam ao menos um simples som primário que fosse, teve de ficar irritado consigo mesmo, uma vez que não havia mais ninguém no jardim do éden a quem pudesse responsabilizar pela gravíssima falta, quando os outros animais, produtos, todos eles, tal como os dois humanos, do faça-se divino, uns por meio de mugidos e rugidos, outros por roncos, chilreios, assobios e cacarejos, desfrutavam já de voz própria. Num acesso de ira, surpreendente em quem tudo poderia ter solucionado com outro rápido fiat, correu para o casal e, um após outro, sem contemplações, sem meias-medidas, enfiou-lhes a língua pela garganta abaixo. Dos escritos em que, ao longo dos tempos, vieram sendo consignados um pouco ao acaso os acontecimentos destas remotas épocas, quer de possível certificação canónica futura ou fruto de imaginações apócrifas e irremediavelmente heréticas, não se aclara a dúvida sobre que língua terá sido aquela, se o músculo flexível e húmido que se mexe e remexe na cavidade bucal e às vezes fora dela, ou a fala, também chamada idioma, de que o senhor lamentavelmente se havia esquecido e que ignoramos qual fosse, uma vez que dela não ficou o menor vestígio, nem ao menos um coração gravado na casca de uma árvore com uma legenda sentimental, qualquer coisa no género amo-te, eva. Como uma coisa, em princípio, não deveria ir sem a outra, é provável que um outro objectivo do violento empurrão dado pelo senhor às mudas línguas dos seus rebentos fosse pô-las em contacto com os mais profundos interiores do ser corporal, as chamadas incomodidades do ser, para que, no porvir, já com algum conhecimento de causa, pudessem falar da sua escura e labiríntica confusão a cuja janela, a boca, já começavam elas a assomar. Tudo pode ser. Evidentemente, por um escrúpulo de bom artífice que só lhe ficava bem, além de compensar com a devida humildade a anterior negligência, o senhor quis comprovar que o seu erro havia sido corrigido, e assim perguntou a adão, Tu, como te chamas, e o homem respondeu, Sou adão, teu primogénito, senhor. Depois, o criador virou-se para a mulher, E tu, como te chamas tu, Sou eva, senhor, a primeira dama, respondeu ela desnecessariamente, uma vez que não havia outra. Deu-se o senhor por satisfeito, despediu-se com um paternal Até logo, e foi à sua vida. Então, pela primeira vez, adão disse para eva, Vamos para a cama."

domingo, 20 de junho de 2010

1933 foi um ano ruim


Essa semana li 1933 foi um ano ruim, de John Fante e gostei muito. O livro é, pelo menos em parte, autobiográfico, como quase toda literatura de Fante, ao que parece, não o conheço muito bem.

Em 1933 foi um ano ruim o narrador, Dominic Molise, tem 17 anos, é filho de um pedreiro, imigrante italiano, sem trabalho naquele momento e de uma dona de casa também de origem italiana, católica, frustrada, meio resignada, tem também a avó, italiana, claro, que só fala italiano, reclama de tudo e de todos, sobretudo de ter ido parar nos Estados Unidos, terra de perdição. Fiquei com muita pena dela, uma dessas imigrantes que ficam completamente desorientadas no novo lugar, sonhando com sua aldeia natal, sem raízes, sem língua, parecendo um fantasma.

Dominic Molise sonha em deixar o Colorado onde vive com a família na pobreza, em ir para a Califórnia, tornar-se jogador profissional de baseball, um arremessador graças à força que tem no braço, esse braço ele trata muito bem, dialoga com ele, massageia, aplica um óleo fedorento para proteger do frio mesmo sabendo que pode ser colocado para fora da sala de aula por causa das reclamações dos outros alunos. Nada interessa, só tem uma ideia em mente, ir para longe. Tem um amigo, um garoto rico com quem divide o interesse pelo esporte e os sonhos de se tornar um jogador famoso e ganhar dinheiro.


Eu li o livro em português mesmo, foi emprestado por uma aluna (uma das poucas que lê), mas vou deixar aqui uma citação em inglês que copiei de um site, o livro eu já devolvi, ou melhor, repassei para outro professor, colega meu, que também queria ler.


"Oh, God, help me! And I walked faster, my thoughts pursuing me, and I began to run, my frozen shoes squealing like mice, but running didn't help, the thoughts to the left and right and behind me. But as I ran, The Arm, that good left arm, took hold of the situation and spoke soothingly: ease up, Kid, it's loneliness, you're all alone in the world; your father, your mother, your faith, they can't help you, nobody helps anybody, you only help yourself, and that's why I'm here, because we are inseperable, and we'll take care of everything.
"
John Fante (1933 Was a Bad Year)

John Fante era americano de origem italiana, nasceu no Colorado em 1909 e morreu em Los Angeles em 1983.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Adeus

José Saramago
16/11/1922 - 18/06/2010
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o poema da sexta-feira

a smile to remember

we had goldfish and they circled around and around
in the bowl on the table near the heavy drapes
covering the picture window and
my mother, always smiling, wanting us all
to be happy, told me, "be happy Henry!"
and she was right: it's better to be happy if you
can
but my father continued to beat her and me several times a week while
raging inside his 6-foot-two frame because he couldn't
understand what was attacking him from within.

my mother, poor fish,
wanting to be happy, beaten two or three times a
week, telling me to be happy: "Henry, smile!
why don't you ever smile?"

and then she would smile, to show me how, and it was the
saddest smile I ever saw

one day the goldfish died, all five of them,
they floated on the water, on their sides, their
eyes still open,
and when my father got home he threw them to the cat
there on the kitchen floor and we watched as my mother
smiled


Charles Bukowski

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Entrevista: Mirian Goldenberg

Já é antiga a entrevista, mas eu só vi há alguns dias e gostei bastante, copiei uma parte aqui e coloquei o link para quem quiser ler a continuação.
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ÉPOCA
– No que as mulheres brasileiras diferem das alemãs de 50 anos que você pesquisou?

Mirian –
As alemãs não estão tão preocupadas com o corpo, a aparência e muito menos com a falta ou ausência dos homens em suas vidas. Elas se preocupam muito mais com a realização profissional, com o poder que conquistaram, com o respeito que sentem por sua inteligência, idéias, personalidade. As alemãs me pareceram muito mais ligadas à qualidade de vida que conquistaram. Casa, viagens, amizades, programas culturais. Não se sentem velhas, mas mais maduras, seguras, confiantes. Não parecem ter medo da solidão e a liberdade é algo extremamente valorizado, não apenas aos 50, mas desde sempre. Acham falta de dignidade uma mulher querer ser mais jovem do que é. Também não se preocupam em ser sexy. Parecem muito mais poderosas que as brasileiras. No Brasil, observei mulheres poderosas objetivamente, mas aparentando ter uma subjetividade “miserável”, sentindo-se menos “capitalizadas” por estar envelhecendo. Lá, não percebi esse descompasso. Aqui, o envelhecimento é vivido como um momento de perda de capital do corpo e da sexualidade. Lá, como um momento de colheita.

ÉPOCA – Que tipo de mulher costuma ter mais problemas com o envelhecimento?

Mirian –
As que só olham para o que estão perdendo. As que se comparam às mulheres de outras faixas etárias ou a si mesmas no passado. As que se agarram aos modelos preconcebidos do que deve ser uma velha.

ÉPOCA – Quando é que a mulher de 50 anos é mais feliz?

Mirian –
Quando tem um projeto próprio que não começa aos 50, mas muito antes. Quando percebe o envelhecimento como uma continuidade desse projeto e não como uma ruptura ou como um momento de mudanças. Quando não aceita as classificações e os estigmas sociais e faz da própria vida uma permanente invenção. Quando gosta de seu corpo com suas imperfeições e mudanças. Quando não se paralisa ou quer imitar modelos de corpo, comportamento e desejos dos mais jovens. Quando não tem preconceitos ou modelos muito rígidos de ser homem e ser mulher, ser velho e ser jovem. Quem sabe a geração dos anos 60, que reinventou a sexualidade, o corpo, as novas formas de conjugalidade e de casamento, as novas famílias, as novas formas de ser mãe e pai, vai também inventar uma nova forma de envelhecer? É uma geração que pode optar por não se aposentar de si mesma. Que não aceitará uma identidade coletiva que sempre rejeitou e contestou.

Continua: Época

terça-feira, 15 de junho de 2010

QUINQUILHARIAS NAKANO


Terminei a leitura de QUINQUILHARIAS NAKANO, é um livro bem pequeno (sobretudo se comparado a La Montagne Magique que acabei de ler outro dia), 284 páginas, tradução de Jefferson José Teixeira.

Gostei bastante do livro, da leveza, não acontece quase nada, acompanhamos os personagens no seu dia a dia, Hitomi, uma jovem que trabalha na Quinquilharias Nakano(sim, o título do livro é o nome da loja), o patrão, senhor Nakano, Takeo, outro funcionário da loja, Masayo, a irmã do senhor Nakano e ainda outros envolvidos emocionalmente com estes . Esse 'não acontece quase nada', é uma aparente banalidade, os personagens têm sua complexidade, o universo, de um modo geral é aquele da loja, clientes que entram, compram, vendem, saem, não compram, reclamam, as saídas do senhor Nakano para encontrar a amante, as angústias de Hitomi, sua solidão, seu interesse por Takeo e as dificuldades para se comunicar com ele que é um tanto bizarro.

Como já disse antes, não conhecia a autora, Hiromi Kawakami, ela é jovem ainda, nasceu em 1958 em Tókio. Dos autores japoneses contemporâneos acho que só tinha lido até aqui Banana Yoshimoto, Haruki Murakami, Kazuo Ishiguro, desses só não gostei de Haruki Murakami, o mais famoso deles, na verdade. Uma vez li uma crítica (opinião, talvez) de outro escritor japonês cujo nome não me ocorre agora, dizendo qe na verdade Murakami não é exatamente um escritor japonês, quer dizer, ele é japonês, mas sua literatura não é japonesa e que a isso mesmo que se deve seu sucesso no ocidente, mas devo acrescentar que só li um livro dele, Minha querida Sputnik, já me aconselharam a tentar outro.

Trecho do QUINQUILHARIAS NAKANO:

— Diga, Hitomi, você considera o desejo sexual algo
importante? — perguntou Masayo bruscamente.
— Como?
— Tudo se torna desinteressante quando não há desejo,
não concorda?
Sem saber o que responder, mordi e engoli em silêncio
a massa da torta.
— Você, Hitomi, ainda deve ter um desejo sexual intenso.
Como a invejo! — declarou Masayo cheia de admiração enquanto
debicava com o garfo o merengue fofo e leve da torta
de limão. — A propósito, não acha que nos últimos tempos o
sabor dos doces do Poésie vem decaindo um pouco? — prosseguiu
ela num tom indiferente.
— Em geral não como muito, não saberia dizer — respondi
num tom educado.
— Entendi — replicou Masayo, colocando na boca
um grande pedaço de torta. — Mas hoje está deliciosa.
Seria em razão de minha condição física? De fato é duro
envelhecer.
Masayo o disse de modo jovial. “Desejo sexual”, procurei
repetir para mim mesma. Pareceu-me ter uma ressonância
curiosamente alegre, semelhante ao tom usado por Masayo.
“E eu não aprecio tanto assim as tortas de cereja”, pensei.
Mesmo assim, eu as acabo escolhendo, totalmente enfeitiçada
pelo vermelho parecendo molhado.
O aroma da manteiga da massa da torta espalhou-se pelo
interior de minha boca. O queixo de Masayo se agitava ao
devorar a torta de limão.
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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Sylvia Plath

"Quando eles perguntavam a qualquer velho filósofo romano como ele queria morrer, dizia que rasgaria as veias, num banho quente. Achei que seria fácil, deitada na banheira e vendo a vermelhidão florir dos meus pulsos, jorro após jorro penetrando na água limpa, até que eu me afundasse no sono sob a superfície rubra como papoulas. Mas quando cheguei às vias de fato, a pele do meu pulso parecia tão branca e indefesa que não consegui nada. Era como se o que eu quisesse matar não estivesse naquela pele ou naquele pulso magro e azulado que latejava sob o meu polegar, mas sim em algum outro lugar, mais profundo, mais secreto, e muito mais difícil de ser alcançado."

Trecho do livro A Redoma de Cristal (The Bell Jar), Sylvia Plath.
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Estava dando uma olhada nos posts antigos e resolvi publicar de novo este trecho, o primeiro contato que tive com a obra de Sylvia Plath foi através deste livro. Li na casa da minha prima em Londres, numa de minhas visitas, ela disse que tinha sido obrigada a ler o livro num dos cursos de inglês, mas não tinha gostado. Well, eu gostei muito.

sábado, 12 de junho de 2010

Eros e Psiquê
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sexta-feira, 11 de junho de 2010

o poema da sexta-feira

Anoitecer

Ao longo do bazar brilham pequenas luzes.
A roda do último carro faz a sua última volta.
Os búfalos entram pela sombra da noite,
onde se dispersam.

As crianças fecham os olhos sedosos.
As cabanas são como pessoas muito antigas,
sentadas, pensando.

Uma pequena música toca no fim do mundo.

Uma pequena lua desenha-se no alto do céu.

Uma pequena brisa cálida
flutua sobre a árvore da aldeia
como o sonho de um pássaro.

Oh, eu queria ficar aqui,
pequenina.

Cecília MEIRELES

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Marguerite Yourcenar

Foi aniversário de M. Yourcenar dia 08 de junho, deixei passar...uma das minhas escritoras favoritas, este ano li alguns livros dela: Le Coup de Grâce (Golpe de Misericórdia), Alexis ou le Traité du vain combat, a biografia (que eu tinha começado no ano passado), reli L'Oeuvre au Noir (A Obra em Negro) e agora quero reler Mémoires d'Hadrien, só não reli ainda porque não tenho o livro aqui em francês, a primeira vez li em português, há muitos anos.

Marguerite Yourcenar nasceu no dia 08 de junho de 1903 e morreu no dia 17 de dezembro de 1987, ao que parece nunca botou os pés numa escola, foi educada em casa, era uma mulher muita culta (alguns diziam que até demais), a mãe morreu logo depois que ela nasceu de modo que a figura materna nunca existiu na vida dela e o pai era um homem meio maluco, mas que lhe ensinou muito e sempre a encorajou a seguir com a 'vida de escritora'.

Yourcenar é um anagrama de Crayencour, seu nome verdadeiro. Ela nasceu em Bruxelas, na Avenue Louise, uma avenida que conheço como a palma da minha mão, é onde fica também a embaixada do Brasil, mas a casa não existe mais.

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domingo, 6 de junho de 2010

Feriado frio e tranquilo



Faz frio em Curitiba, naturalmente. Não viajei neste feriado, aproveitei para ler Morte em Veneza, ver alguns filmes em casa, dentre eles Touro Indomável que eu nunca tinha visto antes, um aluno me emprestou, revi Donie Darko. Fui também ao Festival de Filmes franceses, vi Oito vezes em pé. Na quinta fizemos uma pequena festa junina, na sexta fui à livraria, ganhei dois livros de presente, Quinquilharias Nakano de Hiromi Kawakani que eu não conhecia ainda, já comecei a ler e estou gostando. Eu gosto muito de alguns escritores japoneses, (Kawabata, Tanizaki, Mishima...) mas conheço pouco os atuais, é a ocasião, Hiromi nasceu em 1958 e já arrebatou vários prêmios literários no Japão, o prêmio Kawabata, por exemplo. O outro livro que recebi de presente foi Caim, do Saramago, vou tentar ler logo depois deste Quinquilharias.

E dormi, dormi, dormi.

Enfim, considero que aproveitei bem meu fim de semana
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Na foto Tadzio, no filme Morte em Veneza.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

o poema da sexta-feira

Num monumento à aspirina




Claramente: o mais prático dos sóis,
o sol de um comprimido de aspirina:
de emprego fácil, portátil e barato,
compacto de sol na lápide sucinta.
Principalmente porque, sol artificial,
que nada limita a funcionar de dia,
que a noite não expulsa, cada noite,
sol imune às leis de meteorologia,
a toda hora em que se necessita dele
levanta e vem (sempre num claro dia):
acende, para secar a aniagem da alma,
quará-la, em linhos de um meio-dia.

*

Convergem: a aparência e os efeitos
da lente do comprimido de aspirina:
o acabamento esmerado desse cristal,
polido a esmeril e repolido a lima,
prefigura o clima onde ele faz viver
e o cartesiano de tudo nesse clima.
De outro lado, porque lente interna,
de uso interno, por detrás da retina,
não serve exclusivamente para o olho
a lente, ou o comprimido de aspirina:
ela reenfoca, para o corpo inteiro,
o borroso de ao redor, e o reafina.

João Cabral de Melo Neto

terça-feira, 1 de junho de 2010

Morte em Veneza

Terminei esses dias a leitura de La Montagne Magique e comecei em seguida outro livro de Thomas Mann, Morte em Veneza, este beeeeemm mais curto que o primeiro e em português que, empolgada, comprei esses dias na feira do Largo da Ordem. Tinha prometido não comprar mais livros enquanto não lesse uma boa parte do que tenho aqui na estante, mas não tem problema, se fosse um casaco eu ia me sentir culpada, no caso de livro, muito ao contrário, voltei para casa livre de qualquer culpa.
Assim que terminar o livro quero rever o filme. Faz muito tempo que vi. Enquanto isso ficamos com o trailer: