O Adormecido do vale
Era um recanto onde um regato canta
Doidamente a enredar nas ervas seus pendões
De prata; e onde o sol, no monte que suplanta,
Brilha: um pequeno vale a espumejar clarões.
Jovem soldado, boca aberta, fronte ao vento,
E a refrescar a nuca entre os agriões azuis,
Dorme; estendido sobre as relvas, ao relento,
Branco em seu leito verde onde chovia luz.
Os pés nos juncos, dorme. E sorri no abandono
De uma criança que risse, enferma, no seu sono:
Tem frio, ó Natureza – aquece-o no teu leito.
Os perfumes não mais lhe fremem as narinas;
Dorme ao sol, suas mãos a repousar supinas
Sobre o corpo. E tem dois furos rubros no peito.
Arthur Rimbaud
Traduçao de Ivo Barroso
5 comentários:
Confesso que tenho uma certa dificuldade de entender, na primeira lida, Rimbaud. É um daqueles que vou ruminando, ruminando... E começo a conjecturar possíveis leituras diversas. Me perco e me divirto. :)
Tb não acho fácil Rimbaud- nenhum poeta é fácil.
Tb chorei mto em "Tudo sobre minha mãe" o filme todo.
Estou ouvindo o vídeo, meu inglês não é cem por cento,mas dá p entender pq ela não é americana :)
bjs Laura
Merci :)
Leila, acho que você, que gosta tanto de livros, vai gostar muito deste "comercial":
http://olivroimpossivel.blogspot.com/
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