quarta-feira, 30 de julho de 2008

ortorexia

Descobri hoje que isso aí é uma doença, nunca tinha ouvido falar:

Quando a alimentação natural vira obsessão

Você já se atrasou para algum compromisso por ficar analisando os percentuais de gordura de algum alimento? Deu uma de chata enchendo garçons de perguntas sobre os ingredientes dos pratos do cardápio? Conhece mais o rótulo de alguns produtos do que sua mãe as músicas do Roberto Carlos? Cuidado! A obsessão pelo consumo de alimentos saudáveis é um distúrbio chamado ortorexia nervosa.

Continua aqui.

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Eu não sabia que isso era doença, pensei que fosse só chatice de algumas pessoas. Trabalhei com uma que era insuportável, fazia a gente se sentir um verme só porque tinha comido um pão de queijo ou um chocolate. Agora, se ela aparecer de novo vou dar o diagnóstico, 'Minha senhora, sinto anunciar, você é uma ortoréxica, me deixa em paz com meus pães de queijo.'
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Estou vendo preços de passagens aéreas no Brasil, preciso ir a Minas. Tenho vontade de chorar na frente do computador, como os preços podem variar desta maneira? Falei, no post abaixo, que ia viajar menos de avião (no caso, era uma tentativa de ser ecologicamente correta)...vou viajar menos mesmo, mas a razão é menos nobre, é o bolso. Li uma reportagem na Caros Amigos mostrando como os pobres poluem menos, andam mais, não podem consumir tanto. Vamos lá, quando estiver na estrada vou me concentrar nisso, mais tempo de leitura, reflexão, música...


sábado, 26 de julho de 2008

Semana

Acabei de chegar do cinema, fui ver este filme: O escafandro e a borboleta. Muito bom, recomendo. É a história de Jean-Dominique Bauby, um homem que tinha tudo, como ele mesmo diz, não conhecia a derrota até sofrer um derrame e tornar-se prisioneiro do próprio corpo. Bauby era um jornalista famoso, editor da revista da Elle. Depois do acidente cardio vascular aos 40 ou 41 anos, ele só consegue se comunicar piscando os olhos, é assim que ele escreve um livro sobre sua vida, o livro dá origem a este filme tão intenso e bonito.
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Renovei minha carteira de motorista que estava vencida há alguns meses, uns sete, talvez (?) isso mostra o quanto gosto de dirigir. Na verdade, o 'dirigir' em si não me incomoda, o problema é que tenho um péssimo sentido de orientação e me isso estressa muito quando estou ao volante, prefiro me perder a pé, tomar um taxi, ônibus, metrô, perguntar, qualquer coisa. Quando vivia em Atlanta tive, por algum tempo, um carro com GPS, era o meu melhor amigo daqueles tempos.

Pensei seriamente em nunca mais renovar esta carteira, há ainda outro fator, a poluição, o trânsito infernal do Brasil e a falta de educação dos motoristas em geral. Há carros demais nas ruas e eu não quero contribuir com isto, é claro que significa abrir mão de algum conforto, mas eu quero mesmo abandonar o carro, quero pensar e analisar muito antes de tomar um avião, quero apagar mais as luzes, quero usar menos a máquina de secar, o secador. Quer dizer, fazer algo mais do que separar o lixo que não sei para onde vai.

E por que renovei a maldita carteira? Primeiro porque tenho medo de algum caso de urgência, levar alguém da família correndo para o hospital, coisa que já me aconteceu antes. A outra razão foi essa 'lei seca', é melhor ter um motoristaa mais, just in case. São duas coisas que não me interessam muito, bebida e carro/direção. Dizem que a lei já está diminuindo muito o número de acidentes, se estiver, ótimo, mas será que o que está diminuindo não é o controle intenso? Se for o controle daqui a pouco tudo volta a ser como dantes no país de abrantes...

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Ana Cristina César


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Minha boca também
está seca
deste ar seco do planalto
bebemos litros d'água
Brasília está tombada
iluminada
como o mundo real
pouso a mão no teu peito
mapa de navegação
desta varanda
hoje sou eu que
estou te livrando
da verdade

te livrando

castillo de alusiones
forest of mirrors

anjo
que extermina
a dor

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Ana Cristina César

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Para Dani no 'Planalto Central'.

Zorba, o grego

Acabei de ver o filme Zorba, o grego. Tenho o livro há muitos anos, mas nunca o li. Muitos anos mesmo...eu ainda me lembro como o livro veio parar nas minhas mãos. Quando eu era adolescente uma vizinha se mudou e não pode levar tudo, ficaram alguns livros e, com a permissão dela eu fui lá na casa vazia, ao lado da nossa e escolhi os livros que queria. Eram livros bons, li alguns pelo menos. Zorba, naquela época, era só uma marca de cueca. Alguns anos depois ouvi muito o nome do autor, Nikos Kazantzakis, por causa do filme A última tentação de Cristo. Mas o livro não ficou lá paradão enfeitando a estante, meu irmão o leu e, na verdade, é na casa do meus pais que o livro continua...eu disse 'tenho' acima, mas foi pro forma.

O filme é muito bonito, bem antigo, 1964 (ou algo em torno disso). O que me marcou foi a amizade entre os dois homens em princípio tão diferentes, um camponês grego, o Zorba, e um inglês tímido e bundão. Zorba é, pelo menos no filme, pode ser graças à atuação de Anthony Quinn, um personagem meio poético, cheio de vida, de alegria. A cena mais bonita acho que é a última, quando o inglês pede a Zorba que o ensine a dançar. A cena mais terrível é quando uma senhora francesa (antiga prostituta?) morre e as pessoas do vilarejo, mal ela tinha dado o último suspiro, invadem a casa dela e pegam tudo. A francesa não tinha família e tudo ficaria para o estado, as velhas de preto, parecem urubus avançado...um horror.

Este é o elenco: Anthony Quinn, Alan Bates, Irene Papas, Lila Kedrova, Sotiris Moustaka, Anna Kyriakou, Eleni Anousaki, Yargo Voyagis, Takis Emmanuel e Giorgios Fondas.
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Agora vou acabar de ler I Married a Communist, Philip Roth.

quarta-feira, 16 de julho de 2008


Bruges, Grand Place, verão 2004, quando meu irmão foi, finalmente, conhecer a Europa.
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Alguém chegou a este blog procurando por: "Feliz aniversario na língua belgica". É verdade que a Bélgica é um país complicado 'linguisticamente', mas não existe tal língua. Essa pessoa não vai voltar aqui para verificar a resposta e, se deu uma olhada na apresentação do blog, já entendeu quais línguas são faladas neste país. Mas é verdade que já me perguntaram se eu falava 'belga'.

Uma vez, nos Estados Unidos, eu fui ao médico com uma dor de cabeça diabólica e ele no maior blá blá blá, o famoso small talk americano. Num dado momento ele ficou confuso, eu disse a ele, para encurtar a conversa, que era professora de português e ele: "quer dizer que você nasceu no Brasil MAS numa família de língua portuguesa?" Eu estava realmente com muita dor de cabeça de modo que respondi simplesmente: "yes". Ele, se estivesse muito interessado, que procurasse depois no google, wikipedia, hoje é muito fácil se informar. E não adianta dizer que os americanos são 'burros' como muita gente diz aqui no Brasil, os brasileiros (de um modo geral, claro) tampouco entendem de geografia, línguas. Sim, até mesmo gente mais educada, ou melhor, gente que já passou por uma universidade. Lembram da história da minha prima com MBA e tudo que não sabia quem era Oscar Niemeyer? Escrevi aqui. Ela não é a única.
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sábado, 12 de julho de 2008

Filmes franceses

Saí da toca e fui ver um filme na cinemateca. Faz parte da Mostra de cinema francês contemporâneo. Eu vivo perdendo estas coisas, desta vez fiquei mais animada por causa da Violaine, a estagiária francesa que está aqui e por causa de uma aluna que dentro de um mês estará na França como au pair e por isso anda farejando tudo que seja francês, uma imersão. Vi um filme ontem e um hoje. Ontem foi Le petit Lieutenant e hoje foi À tout de suite com Isild le Besco (na foto). Filmes pouco conhecidos, mas muito bons. Quem disse que precisa ser conhecido para ser bom, não é?
Entrada franca e filmes interessantes. Não posso reclamar.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Visitas partindo aos poucos. E vai ser estranho ter a casa quase vazia. Quase, alguns ainda ficam até agosto, não em casa, viajando pelo Brasil. Nem tento mais entender os roteiros e as datas deles.

Eu tive uma tpm (na verdade antes durante e um pouco depois)das 'brabas', ainda está passando. Isto é, eu espero que seja só tpm. Sendo assim, passa.

Revi uma amiga que só vejo, quando muito, uma vez por ano. Au revoir, see you, até o ano que vem. C'est la vie!

Ah, e pela primeira vez na vida atravessei aquela 25 de março. Achei um inferno, mas não deixa de ser interessante. Minha amiga que nasceu e cresceu em São Paulo, mas está fora há bastante tempo estava completamente deslocada, amendrontada...achei engraçado. Acho que me acostumei um pouco com os mercados e as bagunças da Ásia e encaro a experiência com tranquilidade, mas prefiro não ter que passar ali todos os dias. Não entrei em nenhuma loja, só passamospelos camelôs mesmo, também não paramos para comprar, nosso destino era o mercado municipal. E não comi o famosa pastel de bacalhau nem o sanduíche com 3 kgs de mortadela. Era sábado e havia uma fila imensa para o pastel, não sou louca por bacalhau, não enfrentaria aquela fila por essa experiência gastronômica e muito menos pela mortadela. O cunhado da minha amiga ficou indignado quando soube que fui lá e não passei por isso. Não, eu preferi um caldo verde no restaurante do português, já me esqueci o nome.

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Psicanalista francesa lota tenda da Flip ao falar de perversão, no Oriente-se.
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imagem: flying crane fan, Lisa Danielle

domingo, 6 de julho de 2008

Neil Gaiman

"Me sinto como um jogador de futebol no Brasil", diz Neil Gaiman

GUSTAVO MARTINS
Repórter de UOL Diversão e Arte, em Paraty
Rogerio Cassimiro/Folha Imagem
Um dos autores mais assediados, Neil Gaiman participou de entrevista coletiva na tarde de sexta-feira
VEJA A PROGRAMAÇÃO DAS MESAS DA FLIP
ALMOÇO COM O PRÍNCIPE D. JOÃO
NEIL GAIMAN SE ENCANTA PELO CURUPIRA
O premiado autor de "Sandman", Neil Gaiman, disse em entrevista coletiva na Flip 2008 que às vezes se sente "como um jogador de futebol" no Brasil, tamanha a afeição demonstrada pelos fãs de seu trabalho no país. Como exemplos, ele citou a vez em que autografou para 1.250 pessoas na Fnac de São Paulo, em 2002, e uma palestra em 1996 na qual teve que ser retirado por seguranças após fãs invadirem o palco ("a única vez que isso aconteceu na minha vida", disse Gaiman).
Segundo o autor, que além da série de quadrinhos "Sandman" é conhecido por roteiros de cinema ("Beowulf", "Stardust"), livros adultos ("Deuses Americanos", "Os Filhos de Anansi") e infantis ("The Wolves in the Walls"), sua admiração pelos brasileiros é recíproca: "O Brasil foi o primeiro país depois dos Estados Unidos a publicar edições de 'Sandman', em 1989, e eram edições maravilhosas, eu tenho os pôsteres delas até hoje no meu banheiro. Foi um ótimo começo de relação", afirmou.

Neil Gaiman participa da mesa "A Mão e a Luva" este sábado, às 11h45, ao lado do escritor norte-americano Richard Price.

Continua aqui

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Cansada, chateada e com vontade de descansar de uma péssima semana, mas não, vou viajar. Ok, poderia ser uma maneira de descansar, não é? Acho que estou mesmo perdendo o gosto pelas viagens, penso em viajar já me dá preguiça, uma vontade de ver filmes, ficar na cama lendo um livro. E nem se trata realmente de 'uma viagem', vou a São Paulo para um fim de semana e volto. Ai, que preguiça! Grita logo o Macunaíma dentro de mim.

A semana foi assim, alguns amigos nossos que têm uma farmácia de manipulação foram roubados duas vezes só na última sexta-feira (umas cinco este ano). Passei lá na sexta à tarde e estava todo mundo ocupado com arrumações. É uma família japonesa, trabalham praticamente todos juntos. Fiquei morrendo de pena daquela situação, uma ainda chocada porque tinha passado uma boa parte da tarde trancada no banheiro com o técnico que tinha vindo arrumar o computador quebrado no roubo da madrugada. Eu sei que parece mentira...Na verdade, a hipótese da família é a de que podia se tratar dos mesmos ladrões que tinham destruído todo o sistema de alarme de madrugada e decidiram que seria fácil levar mais umas coisinhas à tarde. Tudo é possível, mas o pior mesmo aconteceu depois. Na segunda de manhã recebo um telefonema do rapaz nosso amigo dizendo que o pai, 58 anos, tinha morrido em consequência de um ataque cardíaco. É triste, mas é assim. Não tinha nenhum problema grave de saúde e, voilà. Uma desgraça para a família, inconsoláveis.
É muito triste um enterro, é tudo muito triste.

"Não alimente os escritores"

PLÍNIO FRAGA - Folha de S.Paulo Opinião 02/07/2008

RIO DE JANEIRO - No Brasil, o equivalente a 77 milhões de pessoas dizem não gostar de ler, segundo a pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil", divulgada em maio pelo Instituto Pró-Livro. As principais razões para aqueles não-habituados à leitura: lêem muito devagar (17%); não têm paciência para ler (11%); não compreendem o que lêem (7%); não têm concentração para ler (7%). O brasileiro que lê, em média, conclui 4,7 livros e compra 1,2 exemplar a cada ano.Se a genialidade é 10% inspiração e 90% transpiração, a leitura deve ser 90% instrução e 10% transpiração, entendendo que as dificuldades apontadas pelos não-leitores vêm do sistema de ensino.Hoje começa a sexta edição da Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip. Paraty se inspira em festas literárias como a realizada em Hay-on-Wye, na Inglaterra, talvez a mais celebrada do mundo, cuja edição deste ano se encerrou no mês passado. Celebrada e pouco conhecida. Quando Arthur Miller foi convidado para Hay-on-Wye, perguntou: "É um sanduíche?" Neste ano, os ingleses ouviram, por exemplo, Jimmy Carter, Salman Rushdie e Martin Amis -os dois últimos passaram pela Flip, que recebe Tom Stoppard, David Sedaris e Richard Price, entre outros.Haverá os que apontarão como crítica à Flip o domínio das editoras ou o domínio das paulistas entre elas; haverá os que dirão que nos anos anteriores os palestrantes foram mais bem escolhidos; os que reclamarão de convidados decadentes, de debates sem sentido, de restaurantes e hotéis sem infra-estrutura. E haverá os que vestirão em Paraty a camiseta-campanha contra a exploração sexual: "Não alimente os escritores". Mesmo que válidas algumas dessas restrições, a Flip ainda será um flerte sorridente com o livro num país de banguelas.

terça-feira, 1 de julho de 2008