Yasunari Kawabata
Além de A Casa das Belas Adormecidas li os seguintes livros de Kawabata: The Dancing Girl of Izu and Other Stories, O País das Neves, Kyoto e agora estou lendo Contos da Palma da mão. Gostei de todos eles, são histórias curtas, normalmente plenas de sensualidade ou são uma reflexão sobre a existência, sobre a velhice, sobre a vida do próprio autor já que muitas das histórias são retiradas do seu diário. A Casa das Belas Adormecidas foi um dos que mais me impressionou e não sei bem a razão, talvez seja a forma, mas pode ser também a ousadia do autor ao tratar o tema da velhice através do personagem Eguchi, um respeitável senhor bem passado dos 60 anos. Este senhor, primeiro tomado por certa curiosidade, começa a freqüentar o local cujo nome é título do livro. Esta casa não é um bordel, entretanto, pelo menos não nos termos convencionais, é um lugar mais de contemplação que de ‘ação’. Os velhos que pagam para passar a noite na casa estão proibidos de ter relações com as garotas que trabalham ali, elas são pagas, na verdade, para dormir e permitir que sejam contempladas no seu sono e beleza. Por vezes, acariciadas, mas muitas regras devem ser seguidas. As meninas não devem saber com quem passaram a noite e dormem profundamente, não um sono natural, mas induzido por um produto que devem tomar, o cliente também pode tomar o sonífero, se desejar.
Um trecho:
“A decrepitude hedionda dos pobres velhotes que procuravam aquela casa ameaçava atingi-lo dentro de alguns anos. Quanto da imensurável amplitude do sexo, da insondável profundidade do sexo ele teria tocado na sua vida de 67 anos? Além disso, em volta dos velhotes nasciam incontáveis peles renovadas de mulheres, peles jovens, de garotas bonitas. Os desejos de sonhos impossíveis, o lamento pelos dias que lhes escaparam e que estavam perdidos para sempre não estariam impregnando os pecados daquela casa secreta? Eguchi já havia pensado que as garotas adormecidas o tempo todo seriam uma eterna liberdade para os velhotes. As garotas adormecidas e mudas certamente lhes falavam tudo que eles gostariam de ouvir.”
Yasunari Kawabata nasceu em Osaka em 1899, estudou Literatura na Universidade Imperial de Tóquio, recebeu o prêmio Nobel em 1968.
2 comentários:
Não li este autor, mas tb não gosto nada do livro das putas do GM, achei fraquíssimo.
Bjs Laura
ei leila:) o último livro que li foi o "memorias de minhas putas tristes" minha expectativa foi frustrada, tbém não achei grandes coisas não, achei meio bobo...agora estou lendo "The mao's last dancer" estou adorando...bjs
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