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Kuala Lumpur
Templo de Batu Caves
Leila Silva
[Dois mini contos sobre o mesmo tema: Visitante. O primeiro, Visita da dama de branco, é meu e o segundo, Visitante noturna, da Vera do Val]
Visita da dama de branco
Leila Silva
Nas mãos trazia sempre magnólias. Muitas vezes me visitou e em nenhuma delas vi algo que pudesse lembrar uma foice. Só a delicadeza das magnólias. Nunca pude definir o que se esboçava nos seus lábios, um sorriso, uma tristeza, um convite, uma ameaça?
Tantas vezes bateu à minha porta sem, na verdade, nunca ter ousado passar dos degraus da entrada. A não ser ontem, tão bela toda de branco, se aproximou de tal modo que pude sentir seu hálito quente, quase beijou-me os lábios. Implorei que ficasse ou me tomasse pela mão, me conduzisse...Impassível, meneou a cabeça e foi indo, como veio. Nem as magnólias me deixou.
Magnólias também têm seu tempo.
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Visitante noturna
Visitante noturna
Vera do Val
Rua estreita e antiga, tudo muito quieto, grandes árvores e jardins, o prédio meio desbotado. Ela subiu as escadas quase pairando; tocando suave o corrimão, no rastro dos dedos dele. Atravessou a porta e reconheceu a sala. Sorriu para os livros espalhados, preciosidades de cores e texturas e o imaginou ali, debruçado na mesa redonda, a ler, quase bêbado, absorto. A escrivaninha ,embaixo da janela de postigos altos, dizia das noites insones. Flutuou sussurrando ternuras, acariciou o sofá de grandes flores azuis ,mergulhou os pés, com preguiça, no tapete cremoso, sentindo o silencio e o chiar do aquecedor. No quarto a luz suave do abajur, travesseiros esparsos.
E ele, adormecido, na cama alta e larga.
Aproximou-se devagarinho. Os cabelos escuros, os olhos fechados, as mãos que ela amava. Viu o corpo do homem derramado, o abandono nos lençóis muito brancos. Cuidadosa desenhou a boca macia com a ponta dos dedos, tocou as têmporas, roçou a pele quente e úmida do sono. Tateou seu macho, reconheceu seus caminhos. Com carinho infinito as mãos em concha se perderam entre as pernas dele. Quando ouviu o gemido se esfumou no ar.
Como uma verdadezinha azul !
Quando ele acordou sentiu o cheiro.
8 comentários:
Não trago magnólias
Nem amores,
Nem alegrias,
Nem tristezas...
Apenas na lapela
Jaz um cravo
Exalando saudade.
Um tema, duas visões. Parabéns Leila e Vera.
Lindos micros, duas visões femininas.
besos,
Mhel
Leila, já dei o crédito da foto com link para seu blog.
Gostei dos dois. Imensamente do seu. E dessa frase final do conto de Vera: um verdadeiro achado.
Beijo numa, beijo noutra.
Eu não digo que vc é bamba? ótimo, que delicadeza.
O outro é mto bom tbm gostei mto. Parabéns às duas. bj laura
Duas visões, dois sentimentos, duas poesias se fundindo. Nós, leitores, é que ganhamos.
carlos
e por tudo isso comentado aí em cima - e mais um pouco - é que dei nota máxima presses contos pares lá na OE. Bj.
Oi Leila,
obrigado pela visita ao Casa,
de uma delicadeza nuvem este teu conto. Sem contar a camada invisível de ironia adornando o texto.
beijos
Rubens
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