sábado, 28 de junho de 2008

Lendo

Estou lendo este Kitchen de Banana Yoshimoto, uma das minhas visitas trouxe ontem dos Estados Unidos, comprou na Amazon (encomenda minha) por 1 ou 2 dólares mais o correio. É muito barato. Minha irmã também me trouxe alguns livros pelos quais pagou dois euros...

Eu já tinha lido um livro de Yoshimoto em francês, Dur Dur, duas novelas bem curtas, gostei bastante na época, dos japoneses modernos foi a única que me deu vontade de conhecer melhor. Kitchen é uma leitura bem fácil, conta a história de uma moça que supera as perdas, (morte dos pais, da avó com quem vivia e outras ainda) se refugiando na cozinha. Ainda estou na página 50, vou agora para o meu quarto tentar ler mais umas 30....estou com uma m. de uma dor de cabeça, só para variar um pouco, mas acho que vou conseguir ler. Não estou morrendo e já tomei uns comprimidinhos.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Dias


E os dias correm...

Passou por aqui, por menos de uma semana, minha irmã com o Dani, meu sobrinho de um ano e dois meses. É muito lindo, a família toda concorda, mas mais importante é um garoto esperto com energia para dar e vender, parece que está ligado na tomada e de um segundo para o outro, pluf, dorme. É muito engraçado. Já faz um bom tempo que não convivo com crianças, tinha me esquecido o trabalho que é, não para mim, claro, mas para as mães. Não sei como fazem, honestamente, está aí um trabalho que admiro. Será que eu conseguiria ser mãe? Não sei, tenho muitas dúvidas.
Enfim, minha irmã se foi, quer dizer, não voltou para a Bélgica, foi para Minas encontrar o resto da família, mas já está chegando mais gente aqui no meu 'hotel particular', dois americanos. Uma já estava aqui, faz duas ou três semanas, assim como a estagiária francesa bem humorada. Esta última tem me ajudado muito no trabalho, tanto com idéias quanto com os alunos, é bem nova, 24 anos, meio 'avoada', mas bem tranquila, fácil de conviver e prestativa. Tudo isso é importante quando temos que conviver com alguém que não conhecemos. Se por falta de sorte eu recebo um chato e exigente a coisa vai mal. Tenho tido muita sorte.
Bem, já sei que está uma confusão total isso aqui, sentei para refrescar a cabeça e ordenar um pouco as coisas, andei 'estressadinha' esses dias e hoje o blog está servindo como terapia.

Bom fim de semana.
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sexta-feira, 20 de junho de 2008

Um conto meu na revista Maria Joaquina

imagem: La petite étagère, Christian Choisy
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Viagem

Eu olhava, da janela, a paisagem, quadros se faziam e se desfaziam. Um eterno café com pão, há quantas horas estava já eu dentro deste trem? Sebastião dormia, conseguiu dormir. Na minha frente, um moleque branco, de olhos mansos. Tão raquítico e coitado que lhe ofereci um pão de queijo, um dos pães de queijo que a mãe de Sebastião preparara para a nossa viagem. O menino olhou para a cara da mãe esperando o sinal de autorização, balançou a cabeça que sim, obrigado. Um cachorro corria com o trem, língua pra fora, passou por nosso vagão sorrindo. Sorrindo, um cão? A viagem era demorada e cansativa, por que decidimos fazê-la de trem se aqui ninguém mais viaja assim? Idéia de Sebastião. Queria experimentar e agora dormia. Experimentar antes que se acabe definitivamente, disse e contente entrou no trem, muito cedo, eu e ele com os pães de queijo, as mochilas e os olhos cansados, mal dormidos. Tudo era estranho olhado deste trem, o lá de fora e o aqui de dentro, as pessoas e as coisas. Um jeito de passado, Sebastião dormia e perdia. Numa estação paramos, entraram pessoas, ciganos, muitos ciganos barulhentos com crianças, mulheres de muitas saias, dentes de ouro. Um dos ciganos, cara de poucos amigos, carregava um gongo, o gongo bateu na lateral da locomotiva e nenhum passageiro arriscou um pio. Blum, blum. Sebastião acordou assustado, disse quê isso? Nem respondi, o cigano olhou para ele desafiador. Quer pão de queijo, Tião? Perguntei para mudar a rota dos pensamentos. Sebastião não quis. Quer outro? Perguntei ao menino. Não queria, tampouco, o cigano e o seu gongo mudara todo o ritmo. Peguei uma de minhas revistas e folheei, folheei sem vontade, olhei de novo para fora e nada tinha mudado, só o cachorro tinha ficado para trás. Vivia em algum daqueles sítios? Por certo.

No trem, pouca coisa acontecia além do barulho dos ciganos, suas risadas, um ajeitar de lenços na cabeça, só o do gongo continuava quieto, respondia a uma ou outro pergunta dos outros. Seria o chefe? Cigano tem chefe? Sebastião deu uma volta pelo trem, esticou-se, voltou a sentar e logo dormia de novo. Eu na contemplação. Mata, casinhas, cachorros, riachos, montes, crianças abanando as mãozinhas.....mais uma parada. O menino e a mãe ficavam ali, timidamente me disseram adeus. Ele a sorrir, pesaroso. Os ciganos se juntaram no fundo do vagão onde agora havia lugar para todos eles.

Tantas horas já. Tantas horas ainda. Era um viajar monótono, era um pensar. Viajar. Pensar. Revirei minha mochila em busca do livro, Noites do sertão, combinava. Mas eu ia conseguir ler nesse ‘virgem Maria que foi isso maquinista?’ E o trem parou mais uma vez, os ciganos desceram fazendo uma algazarra, como de propósito, o cigano do gongo fez novo barulho. Só eu e Sebastião continuávamos nessa viagem. Isso me deu uma estranha sensação, um medo. Se assim fosse, se não parássemos nunca de passar por esses lugares, nada mudasse, tudo se repetisse ad infinitum, se isso fosse uma condenação? Acordei Sebastião e ele me garantiu que em quarenta minutos, não mais. Jura? Eu não fico mais neste trem, não mais que quarenta minutos. Que bobagem, disse Sebastião e voltou a dormir. Sentou-se, na minha frente, um moleque branco, de olhos mansos. Tão raquítico e coitado que lhe ofereci um pão de queijo. Ele olhou para a mãe.

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Revista Maria Joaquina

segunda-feira, 16 de junho de 2008

frio.....


Faz um frio dos infernos esta manhã em Curitiba...e eu tive que me levantar de madrugada, às 8. Estamos com outra estagiária francesa (ah, não é mau humorada, muito pelo contrário. Não que as francesas o sejam, é uma referência a outro post), espero que ela não pense que isto seja o Brasil. Ontem fui com ela ao mercado/feira, o tempo estava ótimo, nem frio nem quente, agora esta catástrofe. Depois fomos ao Museu do Olho (MON), algumas exposições eu já tinha visto porque não faz muito tempo visitei com Pam, a americana que veio fazer inseminação artificial. Devo ter falado dela por aqui também.
O que eu vi de novo no museu foi uma exposição Anni e Joseph Albers - Viagens pela América Latina. Havia sobretudo trabalhos deles sobre o México que foi o país mais visitado por eles, Violaine, a francesa, adorou pois viveu no México por um ano e, muito provavelmente, vai voltar para lá para viver com o namorado mexicano.
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Mas que idéia maravilhosa:

Estudiosa defende a preguiça como estratégia de resistência

"A atual compulsão por trabalho criou pessoas sem consciência da própria existência. E isso não é saudável, nem no ambiente corporativo, nem no lar, de maneira geral. Isso atrapalha o trabalho em si", diz Scarlett Marton.

sábado, 14 de junho de 2008

Marie Trintignant - Kozmic Blues

Este Janis and John foi o último filme que vi com Marie Trintignant. Quando o filme saiu ela já estava morta e talvez eu tenha sido influenciada por isso, mas o fato é que gostei muito do filme e do papel dela. No começo ela é uma dona de casa tímida e sem graça e no final...bem, aí uma cena dela fazendo Janis Joplin.
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Marie Trintignant - Kozmic Blues
Time keeps movin’ on,
Friends they turn away.
I keep movin’ on
But I never found out why...

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sexta-feira, 13 de junho de 2008

Não creio em bruxas, mas...

[Este meu conto está no Portal Literal deste mês. Já foi publicado aqui há muito tempo. Já deu para perceber que não tenho nada novo, não?]

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Lorena, com seu rosto de uma brancura alabastrina, nariz minúsculo e olhos que lembravam dois lagos plácidos comoveu-me à primeira mirada. Sou do tempo em que, para se descrever uma mulher, não temíamos os clichês. Casamo-nos depois de muito verbo, muitos presentes, muita amolação dos meus filhos que não queriam ver a herança escorrendo para mãos alheias. Um dia chego em casa ansioso por beijar minha doce Lorena e a encontro com Letícia, bebendo e rindo. ‘Minha melhor amiga’, disse ao apresentá-la. Semanas seguidas, ao chegar, tinha que fazer face àquela irritante presença. Insisti com Lorena para que fizéssemos uma viagem, ela recusou, não só recusou como explicou que ela e Letícia iam viajar juntas para uma convenção de bruxas, sim, que eu acreditasse, eram bruxas, eu podia esquecer tudo aquilo que conhecia sobre velhas de dentes pretos e nariz cheio de verrugas. Fez até uns truquezinhos para provar. Esperneei, aquilo já era abuso, ela ameaçou anular o casamento e eu cedi porque, apesar de todas as estranhezas, não queria arriscar-me a perdê-la. Por mais de um mês estiveram a viajar, meus filhos aproveitaram o tempo para aporrinhar-me, tratando-me como um velho gagá que tinha abandonado por completo o bom senso. Mas não era o meu senso que os preocupava.

Chegaram as bruxas, sim, chegaram, no plural. Encontrei-as dormindo na sala, livros jogados aqui e ali. ‘E então?’ Resmunguei alto com o claro intuito de acordá-las. Abriram os olhos se espreguiçando como duas gatas, disseram que estavam estudando bruxarias e caíram no sono....Olhei para as capas: Anaïs Nin, Virginia Woolf? Nunca me ocorreu que tivessem sido bruxas. Riram a mais não poder da minha observação e nem se deram o trabalho de explicar a bizarrice. Maldito o dia em que sucumbi, em que olhei para aqueles olhos, estava mesmo senil. Suspirei desanimado e sentei-me no sofá na frente delas. Comovidas pela minha resignação, vieram as duas, sentaram-se cada uma de um lado, passaram as mãos na minha cabeça e perguntaram, com uma doçura que me espantou, se eu estava bem e se desculparam pela risada sem propósito. Vocês são mesmo bruxas? Perguntei. Somos umas bruxinhas amadoras. Foi Letícia que respondeu, com uma voz brincalhona. Olhei para ela e só então percebi como era bonito o seu sorriso. Você vai morar aqui, Letícia? É um convite? Foi sua resposta. Era certo que eu estava perdendo a cabeça. Correu para a cozinha dizendo que ia preparar um banquete para comemorarmos, e preparou mesmo, fazia tempo que eu não comia e bebia tão bem. Preparam ainda meu banho, minha cama, contaram-me histórias até eu dormir, mas, quando acordei, não era em minha cama que Lorena estava. Levantei cedo e lá vieram as duas dar-me bom dia com beijinhos de filhas comportadas, agradecendo por eu ter ‘deixado’ Letícia morar conosco.

Agora nossos dias correm tranqüilos, adequei-me a esse estilo. É faltar uma delas em casa e já fico confuso.

Bruxas? Não acredito.
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Leila Silva Terlinchamp

quinta-feira, 12 de junho de 2008

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Ganesha e eu e o mau humor

Kuala Lumpur, Batu Caves
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Uma das minhas fotos da Ásia que eu já devo ter postado por aqui.
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Hoje está um dia assim, um saco e nem sei o porquê. Tomara que seja um mau humor passageiro, mau humor que dura ninguém merece, que o diga os pobres coitados que precisam conviver comigo. É triste. Quem sabe eu não devia rezar para o Ganesha aí, com essa cara engraçada dele deve ser um deus bom para espantar mau humor. Lembrei-me de um dia, em Singapura, em que fui com um amigo a um templo da religião dele (esqueci qual, eram tantas diferentes). Eu entrei, antes eu tirei os sapatos, claro, e fiquei sentada no chão com as pernas cruzadas esperando o meu amigo terminar as orações dele. Passado um tempo veio alguém me dizer que eu não podia ficar ali, eu não entendi a razão, mas disse 'ok' e fui esperar meu amigo fora do templo, aí o cara veio me explicar que não estava pedindo para eu sair do templo, eu só não podia ficar ali onde estava. Parece que eu tinha escolhido exatamente o lugar que não podia, o meio do templo. Jamais entendi. Sempre achei difícil entender as nuances das religiões, ou melhor, dos ritos e regras.

Essa semana chega outra estagiária francesa, tomara que não seja mau humorada....cruzes!

terça-feira, 10 de junho de 2008

domingo, 8 de junho de 2008

BENJAMIN

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Lendo BENJAMIN, Chico Buarque.
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sábado, 7 de junho de 2008

Caminante, no hay camino

Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.
Antonio Machado

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Convite para uma decapitação

Invitation to a Beheading

Vladimir Nabokov

Vladimir Vladimirovich Nabokov nasceu em São Petersburg em 22 de abril de 1899 e morreu na Suíça em 1977. Escreveu em russo e em inglês. Dele ainda tenho aqui na fila Pnin e Fogo Pálido e já li, claro, Lolita.

Invitation to a beheading foi traduzido em Portugal como Convite para uma decapitação (Vladimir Nabokov, Convite para uma decapitação, Assírio & Alvim, Fevereiro de 2006, 217 pp. Tradução do inglês por Carlos Leite), pesquisando na internet não achei nada sobre ele no Brasil, mas não procurei muito.

Nem pretendo resumir aqui a história deste livro, seria muito difícil e insensato. A trama: Cincinnatus C foi condenado à decapitação pelo crime de ‘torpeza gnóstica’(“gnostical turpitude”) e cabe ao leitor deduzir o que vem a ser isso. Parece que torpeza gnóstica é ‘ser diferente’, é não poder ou não querer ver o mundo como os demais. O pobre condenado não consegue nem mesmo entender a natureza do crime e não há ninguém com quem possa dialogar ou tentar qualquer comunicação por mais básica que seja. Cicinnatus C. espera o cumprimento da sentença, temeroso, ansioso, ninguém quer lhe informar a data marcada para a decapitação, os personagens que o cercam são surreais e ele prefere passar seu tempo, o que lhe resta, a ler e a escrever. A parte do escrever é bastante interessante e já ia me esquecendo dela, (faz meses que terminei a leitura e não arrumava coragem para as anotações). Sempre que vai começar a anotar alguma coisa o personagem se pergunta se realmente vale a pena, dali a dois minutos podiam vir buscá-lo para a execução e de nada adiantaria ter começado. E não buscavam, então ele pensava, ‘bem que eu podia ter começado a escrever’.

É um desses livros que a gente não consegue largar, mas é bastante difícil falar dele, por isso adiei tanto. Sei lá, acho que é uma história para ser lida mesmo ou é incompetência minha. Tem livros assim que adoro, mas que na hora de comentar não sai muita coisa. Um deles, por exemplo, é Mrs Dalloway.

Vou mudar radicalmente de viés e vou dizer como foi o meu primeiro contato com este Invitation to a beheading. Isso é curioso, isto é, os caminhos que nos levam aos livros. Neste caso (e em muitos) é outro livro, Reading Lolita em Tehran, a autora, uma professora de literatura, fala deste Nabokov desde a primeira página do seu livro e volta a ele muitas e muitas vezes, eu, claro, fui ficando muito curiosa a respeito e o li na primeira oportunidade. Uma das citações que me deixou muito intrigada pela bizarrice da cena é a que diz que o prisioneiro tinha o direito de dançar com o guarda da prisão desde que o guarda consentisse. E eles dançam.



domingo, 1 de junho de 2008

Amélie Poulain

Vi de novo Amélie Poulain esta semana e acho que gostei até mais do que da primeira vez. Talvez seja porque agora estou longe da Europa e foi bom rever Paris assim num filme tão bonito e colorido. A maioria das pessos gosta de Amélie, alguns adoram, poucos detestam, por isso é um filme bom para se trabalhar com alunos de francês. Audrey Tatou está com umas caras muito engraçadas aqui e muito simpática. Vi poucos filmes com ela, L'Auberge Espagnole foi um deles, mas o papel dela não é muito relevante ali.
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NINA SIMONE: Young, Gifted And Black