quinta-feira, 31 de agosto de 2006
A prosa com arte de Chico Lopes
Resenha no RoseLivros, por Nilto Maciel.
"O fôlego do contista o leva a longas caminhadas pelas cidades de seus dramas. Quer dizer, o faz conduzir seus personagens por ruelas, becos, córregos, chácaras, bairros periféricos. Essa cidade não tem nome explícito e pode muito bem ser Poços de Caldas, Minas Gerais, onde vive o escritor há alguns anos, ou a cidade onde nasceu, Novo Horizonte, interior de São Paulo, onde viveu por quarenta anos."
E a Morte do escritor Naguib Mahfouz aos 94 anos na cidade do Cairo.
« La vie est sage de nous tromper, car si elle nous disait dès le début ce qu'elle nous réserve, nous refuserions de naître. »
« A vida é sábia em nos enganar porque, se nos dissesse desde o início o que ela nos reserva, nós nos recusaríamos a nascer. »
segunda-feira, 28 de agosto de 2006
Orson Welles (1915-1985)
“A literatura talvez atinja menos gente, mas atinge mais profundamente. Eu sempre preferi a leitura. Detesto cinema e teatro, sempre detestei!”
“Hollywood é um bairro folheado a ouro apropriado para golfistas, jardineiros, intermediários variados e estrelas de cinema satisfeitas. Não sou nenhuma dessas coisas.”
“É tão vulgar trabalhar com o interesse de prosperidade quanto trabalhar com o interesse de dinheiro.”
“É preciso ter dúvidas. Só os estúpidos têm uma confiança absoluta em si mesmos.”
sábado, 26 de agosto de 2006
Pintores belgas: Magritte
René François Ghislain Magritte nasceu em em Lessines, Bélgica, em 21 de novembro de 1898 e morreu em 1967. Sua mãe suicidou-se em 1912 e, ao que parece, parte do trabalho de Magritte é marcado pela imagem do corpo da mãe sendo resgatado do rio Sambre, onde se afogara.
Ele estudou em Bruxelas na Académie Royale des Beaux-Arts. Mais tarde mudou-se para Paris onde tornou-se amigo de André Breton e aproximou-se do grupo surrealista.
Memoria de mis putas tristes
Li que este livro de G. G. Márquez tornou-se best-seller no Brasil antes mesmo da tradução...uau! Um caso raro.
quarta-feira, 23 de agosto de 2006
Jean-Claude Van Damme
L'Atomium
terça-feira, 22 de agosto de 2006
Violência - Blogagem Coletiva
A Laura propôs para hoje uma blogagem coletiva sobre Violência e sugeriu que eu fizesse um mini conto sobre o tema. Não consegui escrever o mini conto a tempo...então vou falar sobre coisas que me vieram à cabeça....Uma delas foi o filme Cidade de Deus. Eu estava vivendo nos Estados Unidos quando ele saiu no Brasil, uma amiga também brasileira me contou que viu muita gente (americanos, suponho) saindo do cinema antes do fim do filme. Chocados! Sim, o filme pode chocar, deve ser parte do objetivo do cineasta, inclusive. Mas, para nós, a invasão do Iraque é uma violência igualmente chocante, não? Assim como outras atitudes dos Estados Unidos, os ataques à soberania de outras nações. Há 'violência' e 'violência'. Eu acho que existe uma violência típica brasileira. Já li em algum lugar, faz tempo e não posso citar a fonte (e isso não é um artigo científico) que o ladrão brasileiro não quer só roubar, ele quer deixar a marca dele. Ele destrói o sofá que não pode levar com ele, ele bate na velhinha que não tem nada. Isso também não deve ser uma regra...
Já nos Estados Unidos (nós falávamos muito disso lá) tem aquele cara normal, que todo dia se levanta e vai trabalhar no escritório, um belo dia ele chega no trabalho com uma metralhadora, mata a metade dos colegas e se mata depois.
Voltando ao Cidade de Deus e outros filmes...os próprios brasileiros que vivem fora, muitas vezes reclamam do Brasil mostrado no cinema, dizem que os cineastas deviam mostrar outras coisas, as belas praias, a música, Foz do Iguaçu, Pantanal, Bonito, carnaval e mais futebol ainda...o brasileiro imigrante é um ser estranho (talvez todo imigrante) ele critica muito severamente o país de origem, o país que o 'mandou pra fora', que não lhe ofereceu as condições de vida que ele esperava, que exerceu sobre ele uma violência porque era no Brasil que ele se sentia em casa. Não é exatamente um aventureiro, ele se sente empurrado, um rejeitado no seu país e mais rejeitado ainda no país que o acolheu. Uma situação esdrúxula. Esse brasileiro, por outro lado, não quer ouvir críticas ao seu país. Se alguém critica ele já se sente atacado. Até mesmo um filme bonito como Central do Brasil era um embaraço para muitos desses imigrantes, violência mais uma vez, poeira nordestina, tristeza...os europeus adoraram. Tenho amigos belgas que conhecem de cor a maioria dos diálogos do filme e têm um poster gigante dele na parede. Eu poderia enumerar muitos outros filmes e documentários, esses dois são os mais conhecidos. Esse não é o perfil de todo brasileiro que vive fora, explico para evitar confusões. É claro que há aqueles (me incluo aí) que irão ao cinema ver os filmes brasileiros e que o apreciarão pela estética ou pelo enredo e que saberão aceitar as críticas aos defeitos inerentes à nossa sociedade.
Esse é o universo que eu conheço melhor e por isso resolvi falar dele, assim, nessa minha confusão de última hora, misturando de tudo um pouco. Outros que estão participando dessa blogagem coletica abordaram o assunto de forma mais direta e vale a pena ler.
......
Rose Livros: A voz do escritor por Umberto Krenak
sábado, 19 de agosto de 2006
NUDEZ
...O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem
não era [e não desmenti, e perdi-
me.]
Fernando Pessoa
Não vesti
Nenhum dominó,
Nem arlequim,
Nem nada;
Estava assim, nu;
E os mais
Não nos querem nus
Porque a nudez choca,
A nudez é franqueza,
A nudez é verdade
E os mais
Não a querem...
Getúlio Gracelli
Da Antologia Saboreando Palavras
....
RoseLivros, AS Ondas por Eduardo Oliveira.
sexta-feira, 18 de agosto de 2006
LE PETIT PARISIEN
Uma sexta chuvosa
Chove, faz um friozinho bom. O cachorro dorme em cima dos meus pés, aqui debaixo do computador. É por isso que eu gosto de cachorros, sempre por perto. Perguntei, ontem, para um aluno de doze anos: 'Do you like dogs?' (Fazia parte da aula). 'Yes, I like dogs, eu tenho um dog, eu adoro brincar com ele, faço isso faço aquilo.' 'Ok, and cats, do you like cats.' E ele: 'No, não gosto de cats, porque os cats são muito metidos.' Metidos?!? Achei muito engraçado, mas de certo modo o meu aluninho tem razão, gato é meio 'metido' mesmo. É muito lindo, sobretudo quando é bem novinho, mas só vem quando quer...eu nunca tive gatos, tivesse eu ia gostar mais. Gosto mesmo dos cachorros, daquela festa pela manhã ou quando você passa três horas fora de casa, ao chegar parece que faz um mês.
quarta-feira, 16 de agosto de 2006
domingo, 13 de agosto de 2006
SAUDADE
Carlos Pessoa Rosa
Que importância tem mais esta viagem se na vida fui um nômade? Acostumei-me com as geografias que me visitaram, ignorei os atores, passantes anônimos que fizeram parte de meus instantes. Diante dos caminhos oferecidos pela existência, nunca passei de um viajante passivo. Mantive-me o mais distante possível das sutilezas e das armadilhas da vida. Sem prazer, mas também sem dor. Esse foi meu lema.
De onde me encontro, na boca ruminante das desoras, ao som vacante das corujas, quando Arlete, a mulher encontrada na rua – nem sei se é esse seu verdadeiro nome –, dorme, pouco se vê de trilhos, trilhas, estradas, aviões, trens, ou navios; de opções. A liberdade caminha sobre trilhos, amarrada em regras inflexíveis e pontuais, a individualidade, uma ilusão. No quarto, rosto de pedra, expressão de solidez absoluta, absorto, junto a obsoleto sexo, escancarado, semi-aberto, úmido, diviso a pausa. Descaso comigo essa relação com uma profissional? Não! Dá menos trabalho que uma punheta. Só isso.
Dissimuladas, assim foram todas as aberturas ao longo da estrada. A criança de passos duros, olhos engessados, estranheza de estrangeiro, seguia na calçada-rolante: de casa à escola, da escola em casa. Igual ao trem de ferro que atravessava a vila, a íris, barulhento na memória, aventando a pele. Aprendeu a agir como o voyeur que se excita independentemente de qualquer atividade própria. O lugar predileto sempre foi o calçamento, recostado em algum muro, de onde assistia ao que ocorria ao seu redor. Foi o modo como gastei meu tempo infantil, torcendo no mais das vezes por algum pião ou bolinha de vidro alheio a mim. Nunca fui o vencedor. Como sobreviver exigia ignorar problemas menores, para a família eu não passava de uma criança estranha e orgulhosa, algo mais palpável que alguma doença psiquiátrica ou depressão. Sem criar problemas, acomodaram minha existência na deles. Portanto, do infante, além da repetição e do distanciamento, não deixo história a ser contada.
O adolescente assumiu de vez o papel de voyeur. Concretamente. Perdeu a noção das mulheres que rodearam seu imaginário para lhe oferecer prazer. No início, em casa. Depois, nas salas de filme pornô. Assim conheceu o comércio de sexo. Logo se acostumaram com o sujeito de terno e gravata, que aparecia às sextas-feiras, trepava, pagava e desaparecia. Assim foi até o primeiro casamento. Pensava que uma vida em família facilitaria o viver. Ilusão. Foram três casamentos. A primeira, uma professora do interior, tímida e sem iniciativa. Tivemos dois filhos que procurei não conhecer além do que o olhar permitia. Voltou para a casa dos pais. A segunda, uma aluna evangélica. Falhei na escolha. Exigia demais de meus testículos. Com ela não tive filhos. Fugiu com um assistente meu. Vivem na praia. A última morreu de câncer de mama. Tudo isso mesclado a uma profissão brilhante, titulado doutor pela melhor universidade pública do país, em História. Sarcástica escolha, com certeza.
A verdade é que a vida nunca me convenceu. Não experimentei AIDS nem sífilis. A maconha, tão em voga na época, não me ofereceria mais que um arranhão na anestesia original. Daí não tentar. Muito menos ácido ou cocaína. Detestava as pessoas que se utilizavam desses artefatos para se sentirem vivas. Nunca procurei as mulheres que me abandonaram, nem fui ao velório da cancerosa. Não aprecio touradas ou despedidas. Passei grande parte da vida lendo inutilidades que a profissão exigia. Procurei dar um sentido a tudo que me cercava, na história. Fui um crítico mordaz de qualquer tipo de ficção ou poesia, uma forma menor de se falar do mundo.
Agora... o convite. Sem marcas d’água, selos, envelopes ou cartas. Diante de sutileza estrelar e lua-cheia. Assim sempre quis, como observador os olhos infinitos da existência. Lúcido, não deixo testamento, registro fotográfico ou testemunhas – além da Arlete. E ela dorme, o sono desalinhavado das madalenas. Mergulho no que me anseia porque é de minha vontade retornar de onde vim. Lá não há sombras de palmeiras, sequer, pardais. Mas, em cismar, sozinho, à noite, mais prazer encontro eu lá...
quarta-feira, 9 de agosto de 2006
Rosa
domingo, 6 de agosto de 2006
Palestra online SBS
A Editora SBS Livraria Internacional, convidou-me, há algum tempo, para fazer uma palestra online. O título da minha palestra é: Ensinando Português como Língua Estrangeira na Europa: Relato de uma Experiência.