sexta-feira, 9 de abril de 2010

o poema da sexta-feira

O Adormecido do vale

Era um recanto onde um regato canta
Doidamente a enredar nas ervas seus pendões
De prata; e onde o sol, no monte que suplanta,
Brilha: um pequeno vale a espumejar clarões.

Jovem soldado, boca aberta, fronte ao vento,
E a refrescar a nuca entre os agriões azuis,
Dorme; estendido sobre as relvas, ao relento,
Branco em seu leito verde onde chovia luz.

Os pés nos juncos, dorme. E sorri no abandono
De uma criança que risse, enferma, no seu sono:
Tem frio, ó Natureza – aquece-o no teu leito.

Os perfumes não mais lhe fremem as narinas;
Dorme ao sol, suas mãos a repousar supinas
Sobre o corpo. E tem dois furos rubros no peito.

Arthur Rimbaud

Traduçao de Ivo Barroso

5 comentários:

  1. Confesso que tenho uma certa dificuldade de entender, na primeira lida, Rimbaud. É um daqueles que vou ruminando, ruminando... E começo a conjecturar possíveis leituras diversas. Me perco e me divirto. :)

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  2. Tb não acho fácil Rimbaud- nenhum poeta é fácil.
    Tb chorei mto em "Tudo sobre minha mãe" o filme todo.
    Estou ouvindo o vídeo, meu inglês não é cem por cento,mas dá p entender pq ela não é americana :)
    bjs Laura

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Leila, acho que você, que gosta tanto de livros, vai gostar muito deste "comercial":


    http://olivroimpossivel.blogspot.com/

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