A Frescura
 Ah a frescura na face de não cumprir um dever! 
 Faltar é positivamente estar no campo! 
 Que refúgio o não se poder ter confiança em nós! 
 Respiro melhor agora que passaram as horas dos encontros, 
 Faltei a todos, com uma deliberação do desleixo, 
 Fiquei esperando a vontade de ir para lá, que'eu saberia que não vinha. 
 Sou livre, contra a sociedade organizada e vestida. 
 Estou nu, e mergulho na água da minha imaginação. 
 E tarde para eu estar em qualquer dos dois pontos onde estaria à mesma hora, 
 Deliberadamente à mesma hora... 
 Está bem, ficarei aqui sonhando versos e sorrindo em itálico. 
 É tão engraçada esta parte assistente da vida! 
 Até não consigo acender o cigarro seguinte... Se é um gesto, 
 Fique com os outros, que me esperam, no desencontro que é a vida.
Álvaro de Campos
2 comentários:
A poesia de Fernando Pessoa é sempre bem-vinda!
Bom, Leila, eu vim de blog em blog achando um meio de fazer chegar a V. a minha admiração pelos seus textos. O convidá-la a visitar http://www.pretextoselr.blogspot.com/
Abraço.
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