segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Han Yu


"Tudo ressoa, mal se rompe o equilíbrio das coisas. As árvores e as ervas são silenciosas: se o vento as agita, elas ressoam. A água está silenciosa: o ar a move, e ela ressoa. As ondas mugem: é que algo as oprime. A cascata se precipita: é porque falta-lhe solo. O lago ferve: algo o aquece. Os metais e as pedras são mudos, mas ressoam se algo os golpeia. Assim também o homem. Se fala, é porque não pode conter-se. Se se emociona, canta. Se sofre, lamenta-se. Tudo o que sai de sua boca em forma de som se deve a um rompimento do seu equilíbrio... A palavra é o mais perfeito dos sons humanos; a literatura, por sua vez, é a mais perfeita forma de palavra. E assim, quando o equilíbrio se rompe, o céu escolhe entre os homens os que são mais sensíveis e os faz ressoarem".

poeta chinês do século VIII, Han Yu (768-824)

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Han Yu wrote in the Mid-Tang period. He was a prominent intellectual figure of the time, active in prose writing, literary sponsorship and the promotion of Confucianism as well as himself writing poetry. Many of his poems are innovative in both content and language.
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imagem: Dreaming of Immortality in a Thatched Covering - T'ang Yin

Um comentário:

Anônimo disse...

De fato, se a literatura é a mais perfeita forma de palavra, a música chega muito próximo dessa perfeição. Enquanto lia o seu texto, ouvia (hábito meu quando estou ao computador), o Concerto nº 2 para Piano e Orquestra, de Rachmaninov. Palavras escritas e sons fluem como magma das profundezas do ser e irrompem, não para destruir, mas para iluminar as pessoas.